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OMS declara emergência internacional para conter surto de ebola
A Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou nesta sexta-feira (8) uma emergência de saúde pública de alcance mundial e convocou a comunidade internacional a se mobilizar contra a epidemia de ebola no oeste da África.
O comitê de urgência da OMS, que se reuniu na quarta (6) e quinta-feira (7) em Genebra, "considera de forma unânime que são dadas as condições" para declarar "uma emergência de saúde pública de alcance mundial", declarou a diretora-geral da organização, Margaret Chan.
"Estamos perante o surto mais severo e complexo em quatro décadas de história desta doença", declarou em um pronunciamento à imprensa.
Diante de uma situação que se agrava, "uma resposta internacional coordenada é essencial para frear e fazer retroceder a propagação internacional do ebola", acrescentou o comitê.
A OMS não decretou, no entanto, quarentena nos países afetados –Guiné, Libéria, Serra Leoa e, em menor medida, Nigéria– para não agravar sua situação econômica.
A diretora estimou que os países do oeste da África afetados pela epidemia não podem enfrentá-la sozinhos e convocou a comunidade internacional a fornecer o apoio necessário.
A declaração de "emergência de saúde pública de alcance mundial" já foi declarada pela OMS em duas outras ocasiões –em 2009, pela epidemia de gripe aviária na Ásia, e em maio pelo desenvolvimento da poliomielite no Oriente Médio.
MEDIDAS
Os países afetados terão que efetuar exames nas pessoas com sintomas associados aos do ebola na saída de aeroportos, portos marítimos e nos cruzamentos fronteiriços.
A OMS indicou que os "Estados devem se preparar para detectar e tratar os casos de doentes" e "facilitar a evacuação de seus cidadãos, em particular as equipes médicas, expostas ao ebola".
O comitê ressalta que os chefes de Estado dos países afetados têm que decretar estado de emergência.
As pessoas que estão em contato com os doentes –com exceção das equipes médicas, que têm uma roupa de proteção– não devem viajar, indicou Keiji Fukuda, vice-diretor-geral da OMS, pedindo também que a tripulação dos voos comerciais receba informação e material médico para se proteger e proteger os passageiros.
No entanto, "a OMS não recomenda a proibição de viagens e comércio, a menos que se trate, de maneira específica, de pessoas infectadas ou que estiveram em contato (com um doente) e que não devem viajar", disse o especialista.
Fukuda, encarregado da epidemia, explicou que as pessoas atingidas precisam ficar 30 dias em quarentena porque o tempo de incubação do vírus é de 21 dias.
Editoria de Arte/Folhapress
PIOR SURTO
O pior surto deve se acentuar ainda mais nos próximos meses, disse a OMS nesta sexta.
"A probabilidade é que as coisas piorem antes de melhorar", disse Fukuda. "Estamos totalmente preparados para que o surto seja de nível alto em alguns países", acrescentou.
O mais recente boletim da OMS sobre todo o oeste da África, divulgado na quarta-feira, aponta 932 mortos desde o começo do ano, com 1.711 casos confirmados de ebola, sobretudo na Guiné (363), Libéria (282) e Serra Leoa (286).
O último boletim sobre a Libéria é particularmente preocupante: 48 dos 108 novos casos de ebola, com 27 entre as 45 mortes recentes.
REAÇÃO
Após este anúncio, a União Europeia classificou de risco muito fraco a propagação do ebola no continente europeu e ressaltou que no caso –pouco provável– de que o vírus alcance o continente europeu, estão preparados para enfrentá-lo.
A Europa recebeu na quinta-feira um primeiro doente com ebola repatriado, um missionário espanhol contaminado na Libéria, dias depois da repatriação aos Estados Unidos de dois pacientes americanos.
Já o departamento de Estado americano recomendou na quinta-feira que os americanos adiem qualquer viagem não essencial à Libéria devido ao ebola.
Uganda anunciou nesta sexta-feira que isolou no aeroporto de Entebbe um passageiro, que apresentava os sintomas do ebola, à espera dos resultados para determinar se está infectado.
Dois países em estado de emergência, Libéria e Serra Leoa, colocaram em quarentena três cidades na zona contaminada.
O vírus ebola é transmitido por contato direto com líquidos de pessoas ou animais infectados e provoca uma febre caracterizada por hemorragias, vômitos e diarreia. Seu índice de mortalidade varia entre 25% e 90%.
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