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ONDE VOCÊ GUARDA SEU OTIMISMO? (PORQUE VAI PRECISAR)
Estou super atrasada, sem tempo, enrolando pra escrever este post, mas vamulá.
Ontem o clima na minha timeline no Twitter era de velório. Muita gente assustada com a votação do Aécio, que quase chegou a 34%, quando as pesquisas, até sexta, lhe davam menos de 25%. Realmente, foi uma arrancada espetacular. Ele tirou muitos votos da Marina na reta final, que acabou ficando com 21%, pouco mais que os 19% que obteve em 2010.
Minha explicação pra subida de Aécio, fora o desgaste de Marina, é que o voto envergonhado deste pleito coube ao tucano. Semana passada mesmo eu perguntei de quem seria o voto envergonhado, aquele eleitor que não tem coragem de dizer em quem vai votar nem pra instituto de pesquisa. Era do Aécio.
Tava cheio de petista otimista demais, apostando numa vitória já no primeiro turno (as god is my witness, eu repeti diversas vezes pra tirar o cavalinho da chuva: obviamente haveria segundo turno. Se houve com Lula duas vezes, lógico que haveria com Dilma). Pra essas pessoas, a decepção de ver Dilma com menos de 42% foi grande. E preocupante, sim. A diferença de votos entre Dilma e Aécio é de menos de 8 pontos, ou 8.3 milhões de votos.
Só pra comparar. Como foi o primeiro turno em 2010: Dilma 47%, Serra 33%, Marina 19%. Como foi o primeiro turno ontem: Dilma 42%, Aécio 34%, Marina 21%.
Como foi o segundo turno em 2002: Lula 61% dos votos válidos, Serra 39%. O segundo turno em 2006: Lula 61%, Alckmin 39%. Mas, no primeiro turno, foi Lula 49%, Alckmin 42%. Alckmin foi o incrível candidato que encolheu, que teve menos votos no segundo que no primeiro turno, um caso raro.
E como foi o segundo turno em 2010: Dilma 56%, Serra 44%. Todos esses números parecem ter sido um passeio, mas quem passou por essas eleições sabe que foi pesado, disputado, sem clima nenhum de "já ganhou".
Tem muito analista achando que este será o segundo turno mais acirrado de todos. Dilma tem pouco para crescer, pois seu índice de rejeição é alto. Os votos de Marina (que não foram votos ao PSB, mas à pessoa de Marina) vão ser fundamentais para decidir quem será ou continuará sendo presidente. Ainda não se sabe muita coisa. Talvez o esvaziamento de votos dela na reta final já tenha sido uma migração para Aécio.
É óbvio que muitos dos 21% que votaram nela são anti-PT. Esses irão para Aécio, se é que já não foram. Outros votos são mais vagos, pedem mudança, "nova política" e tal, mas é provável que também não enxerguem novidade em Aécio. Não dá para generalizar. O voto ambientalista em Marina, irá para o PSDB? Acho difícil. Pernambuco, que votou em Marina, tende a migrar para Dilma. Acre também. Nem os votos dos evangélicos em Marina irão todos pro Aécio.
Meu palpite, se é que vale alguma coisa, é que 60% dos votos de Marina irão para Aécio, e 40%, para Dilma. O problema maior é regional. Se Aécio recuperar um pouco os votos em Minas, e conseguir crescer em SP (e de SP a gente pode esperar qualquer coisa em matéria de conservadorismo), ele aumenta muito os votos. SP, mais uma vez, é quem definirá eleição. E SP nunca votou no PT. Eu lembro até hoje com grande rancor, porque eu morava lá na época, que SP elegeu Collor. E, no dia seguinte, nos ônibus, no metrô, não tinha uma viva alma comemorando.
Não existe voto de cabresto. Mesmo que Marina e o PSB apoiem Aécio, nada indica que todos seus votos irão pra Aécio. Se fosse Marina no segundo turno, aí sim, a grande maioria (chutando: uns 80%) dos votos de Aécio seriam anti-PT, ou seja, iriam pra Marina. Mas o voto em Marina não foi necessariamente um voto contra o PT.
Sem dúvida que será um segundo turno difícil, mas creio que o favoritismo ainda é de Dilma.
A gente pode tentar olhar pela ótica do copo mais cheio: entre os quatro candidatos mais votados pra presidente, três foram mulheres. Luciana Genro foi uma vitoriosa. Com 1,5% dos votos, ela ficou muito a frente da soma de dois candidatos homofóbicos (Levy Fidelix e Pastor Everaldo, que decerto apoiarão Aécio). Ela não tinha chance de ir pro segundo turno, mas era importante que tivesse mais votos que eles, pois foi ela quem os combateu na arena dos preconceitos. Foi muito bacana essa votação, porque, durante todo o primeiro turno, teve imprensa perguntando pra Luciana como era ter menos votos que Plínio em 2010. E acabou não sendo assim: ela dobrou a votação do PSOL há quatro anos.
Agora, espero que o PSOL apoie o PT (Marcelo Freixo, deputado estadual mais votado no Rio, já declarou). Esse diagnóstico que PSOL e PSTU fazem de que o PT é de direita, que tanto faz PT ou PSDB, não corresponde à realidade, e nem explica por que, se o PT é de direita, a direita odeia tanto o PT.
Ontem recebi este email de uma jovem leitora: "Meu namorado votou na Luciana Genro, mas agora no segundo turno votará Aécio porque chega de PT. Se essa fosse a opinião do seu marido você continuaria com ele?"
Eu respondi que felizmente nunca tive essa espécie de desentendimento com o maridão, e a aconselhei a conversar com o namorado e mostrar que aquele posicionamento dele não fazia o menor sentido. Também falei pra ela comparar os anos do PSDB no poder com os anos do PT. E, se tudo mais falhasse, que era pra avisar o namorado que Lobão e Felipe Neto juraram que vão embora do Brasil se Dilma se reeleger. Brincadeiras à parte (se bem que o email e o desespero da menina eram legítimos!), o pior mesmo foi o aumento do conservadorismo no Congresso. A representatividade das mulheres aumentou um por cento. Das 513 cadeiras na Câmara, mulheres ocuparão 51, ou 10%. Teremos apenas cinco senadoras no total, e uma delas é a Katia Abreu, então nem sei se conta.
As boas notícias: Erika Kokay (PT) foi reeleita deputada federal em Brasília, assim como Maria do Rosário (PT-RS), Luiza Erundina (PSB-SP), Alice Portugal (PCdoB - BA), Moema Gramacho (PT - BA), Luciana Santos (PCdoB - PE), Ana Perugini (PT-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Benedita da Silva (PT-RJ). Pois é, sei que Benedita é evangélica, portanto, contra o aborto e direitos homossexuais. Mas ela é de esquerda e deve ajudar a aprovar leis que beneficiem mulheres.
Manuela Dávilla teve a maior votação para deputada estadual no Rio Grande do Sul, com o dobro do segundo colocado. Manuela é um fenômeno: ela sempre foi recordista de votos no RS! Gostaria que, quando passasse dos 35 anos, fosse senadora, e, o quanto antes, prefeita de Porto Alegre e governadora do RS,
Aqui no Ceará o deputado federal com maior votação foi um podre chamado Moroni, do DEM, que faz campanha "pela vida". Pelo menos Luizianne Lins, ex-prefeita de Fortaleza pelo PT, foi eleita. Minha candidata para deputada estadual, Silvia Cavalleire, teve 1.203 votos aqui no Ceará, e não conseguiu ser eleita. Mas foi sua primeira eleição de muitas.
O PT perdeu muitos deputados (foi de 88 para 70, mas continua com a maior bancada da Câmara), e o PSDB ganhou onze (foi de 44 para 55). Só isso já dá uma visão de como este Congresso será mais retrógrado. Pelo menos, o PSOL cresceu (foi de 3 para 5, todos homens, todos excelentes nomes, mas dói não ter uma única mulher).
Guarde pra quem diz que nordestino não sabe votar: SP elegeu Alckmin no primeiro turno. Já são mais de vinte anos no poder, mas alternância só é saudável no âmbito federal.
SP elegeu Tiririca como o segundo deputado federal mais votado. Marco Feliciano foi o terceiro. O deputado estadual mas votado no Paraná foi Ratinho Júnior, filho do próprio. Aliás, o PSC, um partido evangélico, fez doze deputados no Paraná. É a maior bancada. No Rio, Bolsonaro foi o federal mais votado e, de lambuja, conseguiu eleger dois de seus filhos. Verdade que Alagoas reelegeu Collor para senador, o que é totalmente inadmissível. Em compensação, o PCdoB desbancou os Sarney no Maranhão. O cenário não é bom. Teremos um Congresso horrível. Se voltar o PSDB, teremos também um executivo privatista, que governa pros bancos. O espaço até o segundo turno é curtíssimo, só vinte dias, que passarão voando. Não nos resta fazer muita coisa a não ser continuar lutando, sempre.
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