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ONG usa GPS e revela rota da exploração ilegal de madeira no Pará
Da Folha On line
Uma operação de vigilância por GPS feita pela ONG Greenpeace em caminhões de madeireiras mostrou como a exploração ilegal está superando as tentativas de frear o desmatamento na Amazônia.
Os ativistas foram disfarçados para áreas no Pará para colocar aparelhos de GPS em caminhões suspeitos de transporte ilegal de madeira. É a primeira vez que essa tática é usada para este fim. A vigilância relevou viagens de 320 km em regiões de preservação da floresta para coletar troncos e retornar a serrarias no porto de Santarém, de onde a madeira é exportada para Europa, Estados Unidos, China e Japão. Imagens aéreas e de satélite também foram coletadas e analisadas durante a operação.
A Sema (Secretaria de Estado de Meio Ambiente) do Pará afirmou em comunicado que a pesquisa do Greenpeace sobre o transporte de madeira ilegal mostra "a necessidade de melhorar mecanismos de controle e monitoramento para evitar a exploração ilegal". A pasta também afirma que, apesar dos avanços recentes, ainda faltam tecnologia moderna e recursos necessários.
Um quinto da floresta amazônica foi destruída nas últimas três décadas, levando à morte de indígenas e a emissões de carbono que contribuem para a mudança climática. O combate ao desmatamento feito pelo governo vem reduzindo o corte raso na última década, mas em 2013 o desmatamento aumentou quase um terço.
A operação começou com dois meses de vigilância para identificar a rotina dos caminhoneiros. Em paralelo, imagens de satélite foram cruzadas com bases de dados de autorizações de exploração de madeira para identificar áreas com chance de abrigar derrubadas ilegais.
Nove aparelhos de GPS foram usados, gerando milhares de coordenadas. Com as trilhas dos caminhoneiros traçadas, os ativistas buscaram os rastros deixados pela burocracia.
Os troncos vinham de regiões da floresta pertencentes ao Estado, onde nenhuma autorização de corte havia sido concedida. Os ativistas acharam provas de que as árvores entregues às serrarias estavam sendo "lavadas" usando autorizações de corte de outras áreas.
Segundo estimativas, três quartos da madeira exportada do Pará é derrubada ilegalmente.
A secretaria de ambiente do Pará afirma que um sistema de chips de GPS será usado para atestar a origem da madeira a partir do segundo semestre de 2015.
"Empresas negociando madeira ilegal da Amazônia estão correndo um risco enorme. Ou eles assumem responsabilidade pela madeira que compram, certificando-se de que ela é legal, ou param de comprar dessas regiões", afirmou Richard George, do Greenpeace do Reino Unido.
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