Opinião: Nada de novo nas campanhas
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Opinião: Nada de novo nas campanhas


Por: Pedro Cardoso da Costa*

Há uma crítica difundida pela mídia e formadores de opinião de que o eleitor é o responsável pelos maus administradores que elegem. Numa visão rápida e superficial, está correto; numa análise mais profunda, nada mais errado.

Os eleitores são obrigados a votar e precisam primeiro participar de política por opção. Erro no pontapé inicial. O voto facultativo é imperativo da lógica da democracia.

Depois, não há vivência nem participação no processo de escolha dos candidatos. Em 1986, fiz um trabalho para provar a importância do voto numa boa escolha e também uma comparação com cobras venenosas.

Adquiri várias serpentes de plástico e a cada uma atribuí o nome de um candidato a governador em São Paulo. Fiz um círculo e coloquei um sapo no centro. O dia da eleição seria o dia que esse sapo teria que sair do cerco. Só escolheria o veneno com que morreria. Quércia era a cascavel e foi eleita.

Nova eleição se aproxima e as críticas recaem sobre a dicotomia entre a insatisfação generalizada do eleitor e a manutenção dos mesmos políticos. Não faz diferença para o eleitor trocar uma cobra por outra. Vai ser fatal com qualquer uma.

Todos os governos novatos colocam a culpa nos anteriores. No governo federal há 12 anos, o pessoal do Partido dos Trabalhadores ainda não fica corado ao comparar as suas mazelas com as do governo de Fernando Henrique Cardoso. O mesmo ocorre com o Partido da Social Democracia Brasileira em São Paulo.

Basta exemplificar com o aumento estrondoso recente da violência no Brasil inteiro, inclusive em São Paulo, onde o PSDB está há 20 anos. Como no Brasil o menor de idade não pode ser considerado bandido, todo delinquente até 38 anos é cria desse Partido. Insinuam que não têm nada a ver com a falta d’água nos reservatórios e negam a falta, quando em toda parte falta uma gota nas torneiras.

Aécio Neves governou Minas Gerais por 8 anos e elegeu seu sucessor. Segundo o noticiário, sua prioridade número um fora a construção de aeroportos. Um deles em terra de parente muito próximo, em Claudio, cidade na qual a família ainda tem seus laços. Passou mais de 15 dias para assumir ter cometido o erro de utilizá-lo ainda sem licença de funcionamento. Mas a crítica se restringe a só ter vindo à tona agora, anos-luz depois de construído, quando sua ascensão nas pesquisas assusta o camarote de novo mandato presidencial.

No Rio de Janeiro, as favelas pacificadas são um desastre. No Nordeste inteiro a violência consegue deixar cariocas e paulistanos assombrados.

No âmbito federal, o Tribunal de Contas da União – TCU apontou responsabilidade dos conselheiros da Petrobras na compra de Pasadena, mas não a presidente do mesmo conselho. Isso significa que se a presidente Dilma Rousseff fosse apenas conselheira poderia ter sido punida, mas como era “apenas” a presidente, não teve nenhuma responsabilidade.

Estas citações servem apenas para reforçar que o eleitor não é responsável direto pelos maus políticos por não ter participação no processo de escolha. Os candidatos são um verdadeiro PF, o famoso prato feito. Vem prontinho; é só degustar.

Depois, serve para afirmar que a política de culpar os anteriores cometendo os mesmos erros carimba o entendimento do eleitor de que não adianta mudar. Qualquer mudança é mais um prato feito. A sobremesa é o horário gratuito mais caro do mundo recheado de clichês de candidatos ou de promessas de realizar o que já tiveram décadas para fazer e não fizeram.

Nada é mais elucidativo para manter uma clientela gigante de defensores do voto obrigatório.

*É Bacharel em direito




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