OPINIÕES ESFUMAÇADAS SOBRE A LEI ANTIFUMO
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OPINIÕES ESFUMAÇADAS SOBRE A LEI ANTIFUMO


Mad people

Bom, como tem muito post sobre a lei anti-umo começando desse jeito, vou começar assim também, dando minha opinião pessoal sobre cigarro: odeio cigarro. Abomino. Detesto. Nunca fumei. Ou melhor, experimentei um cigarro quando eu tinha uns dez anos. Minha mãe, que fumava, foi ao banheiro e deixou o troço aceso no cinzeiro. Eu, curiosa, quis saber se aquilo que lhe dava tanto prazer era bom mesmo, e fui lá e fumei, imitando o que tinha visto. E quase morri. Tossi sem parar, acho que até vomitei. Nunca mais quis chegar perto de um cigarro (aliás, taí um jeito de criar adultos não-fumantes: forçá-los a dar um trago num cigarro quando crianças). Porém, como todo mundo, sempre convivi bastante com gente que fumava. E eu não gostava da fumaça de forma alguma, mas tolerava. Com o tempo, fui ficando cada vez mais intolerante. Hoje realmente tenho problema com cigarro. Se estou num restaurante, num ponto de ônibus, em qualquer lugar, e tem alguém fumando do meu lado, eu me afasto. Pois é, pensando bem, nunca pedi pra alguém apagar seu cigarro (tirando uma vez, dentro de um ônibus interestadual). Eu é que me afasto. Sou muito passiva.
A lei não me afeta diretamente porque é raríssimo eu ir a restaurantes. Baladas, o que é isso? Eu não bebo (não bebo nada, só água. Sem gás). Prefiro me reunir com os amigos em casa ou na casa deles do que em bares, onde as vozes precisam competir com o barulho, a música alta, gente gritando. E eu sempre fui assim, não é coisa de quando fiquei velhinha, não. Eu acho engraçado que alguém considere o meu estilo de vida tedioso, careta, estúpido, sei lá, e o deles, o fino da bossa, só porque fumam e bebem. Ué, se é pra julgar, eu acho superior quem não precisa de algo artificial, fabricado, caro, pra ficar levinho e de bom humor. Eu sou levinha e bem-humorada de grátis. Tá, levinha não, com essas toneladas a mais, mas você entendeu.
O que me leva a outro ponto. Eu, que sou gorda, estou acostumadérrima a escutar patrulhadores me mandando emagrecer. Não porque eles exijam que uma mulher cumpra seu papel decorativo e seja bonita, ou porque eles têm um padrão de beleza pra lá de estreito. Não, mandar as pessoas (quase sempre as mulheres) emagrecerem por causa da aparência seria fascismo. Então eles me mandam emagrecer por uma questão de saúde. É pro meu bem, sabe? Como se eu e todas as gordas do universo não tivéssemos tentado 1,345 dietas, como se o meu tipo físico não tivesse nada a ver com eu ser gorda (e baixinha. E peituda). Então o pessoal que grita: “Sua gorda nojenta/seu fumante fedorento! Pare de comer/fumar ou você vai morrer! P.S.: Só estou falando isso porque me preocupo contigo” não me comove. Até porque morrer, meu filho, todo mundo vai morrer um dia, inclusive os magros e as pessoas que nunca colocaram um cigarro na boca. Desculpe te dar essa má notícia. Ok, mas comer e fumar são coisas totalmente diferentes. Se eu parar de comer, eu morro, ué. Provavelmente morro antes por inanição do que pelos efeitos da obesidade. E eu não comecei a comer porque achava que isso me tornava cool ou porque via os astros do cinema comendo. Mas não concordo com o argumento que “uma gorda sentada do meu lado num restaurante não estraga meu apetite, como um fumante estraga”. Porque, sinto muito, tem muita gente que se incomoda ao ver uma gorda comendo.
Mas tem mil e uma outras coisas. Em vários países ricos que a gente quer copiar em montes de itens, o combate ao tabagismo vem se acirrando. Lembro de quando fui a Chicago. Tava frio pra caramba, e em todo prédio tinha alguém sozinho fumando, embaixo, ao ar livre. Porque simplesmente não podia mais fumar em lugar nenhum do prédio. Aí eu fui a um cinema-bar em Detroit, porque tava passando um filme só lá. E foi horrível, porque o lugar era um fumacê. Todo mundo fumando lá dentro. Eu cheguei em casa com cheiro de cigarro, meus olhos ardendo, nariz fungando. Imagina como é pra quem trabalha lá. O Alex, que fuma, disse que aprova a lei antifumo por causa dos garçons, porque há estudos provando que ficar num recinto fechado com monte de fumaça durante no mínimo oito horas por dia não faz bem pro pulmão. Eu não tinha pensado nisso de garçom ser uma profissão de risco. Já a Lolla Moon disse que, na Inglaterra, por causa de leis antifumo, vários pubs estão fechando, já que as pessoas ficam fumando e bebendo em casa (até porque tente ficar do lado de fora do bar num inverno inglês!). Então o que é pior pra um garçom: não receber gorjetas e perder seu emprego, ou aguentar fumaça na cara? (com a palavra, o Cavaca, que voltou a comentar. Quero ouvir sua opinião!).
Já falei que odeio cigarro? Pois é, faz muitas décadas que não beijo alguém que fuma, e se eu terminasse com o maridão e saísse à cata de um novo homem, a regra de não fumar estaria no topo da lista. Quase ninguém fuma perto de mim, mas tenho amigos que fumam muito, direto, e o cheiro deles não é agradável. Aqui em casa não tem cinzeiro faz um tempão (já tivemos, pra receber as visitas, mas não dá. As visitas se vão, o cheiro fica). E além de eu odiar cigarro, também desprezo a glamurização do cigarro. É uma indústria gigantesca que lucra bilhões repetindo que fumar é lindo, descolado, um grande exercício de liberdade individual, e alguém acredita? (tem dois posts da Mary neste sentido de que ser fumante é legal, e ser não-fumante é bobo e chato. E muitos dos comentários são do tipo “Ah, queria tanto voltar a fumar!”). Pô, defender o tabagismo e se esquecer da indústria que a move é como achar que pornografia é um ato sexual entre duas, três, ou quatro pessoas, sem interferência de um bando de corporações que só querem o seu dinheiro. Santa ingenuidade, Batman!
Enfim, como você pode ver, não tenho opinião formada sobre essa lei antifumo. Odeio o Serra e odeio cigarro, mas acho que, já que fumar não é ilegal, poder fumar deveria ser permitido. Se bem que não perto de mim. Ao mesmo tempo, sou do tipo que não sou afetada pela lei, pois não frequento bares e restaurantes. Não quero que bares fechem pela queda do movimento, mas também não quero que garçons fiquem doentes. E eu gosto da série de TV Mad Men porque lá todo mundo fuma. Mas eles vivem nos anos 60, e o ambiente cheio de fumaça do escritório é justamente o que nos lembra disso.
E já que é pra dar opinião pessoal, acho que seria bárbaro se o pessoal aposentasse o cigarro e comesse chocolate no lugar. Todo mundo seria mais feliz. Principalmente a Nestlé.




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