Os iraquianos ganharam a guerra
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Os iraquianos ganharam a guerra


O povo iraquiano foi a votos a 30 de Janeiro. Numa extraordinária manifestação de coragem e de vontade colectiva. No dia 30 de Janeiro o povo iraquiano ganhou a guerra. Contra terroristas que odeiam, sobretudo, democracia, direitos humanos e direitos humanos das mulheres, em particular. Contra insurrectos que querem restabelecer o antigo poder. Contra defensores de uma ocupação que visa prolongar o controlo da economia e dos recursos iraquianos. Contra tudo e contra todos, iraquianos e iraquianas não fugiram à responsabilidade como cidadãos e cidadãs e mostraram que são eles e elas quem quer realmente mudar o Iraque. Provaram a maturidade de um povo com longa História em que as últimas gerações sofreram absurdamente : a guerra com o Irão, o jugo déspota de Saddam, a guerra com o Kuwait, as sanções, a invasão recente, a ocupação que persiste. Resistem e acabam de demonstrar que querem conduzir o seu destino. Maioritariamente muçulmanos, refutam as teses reaccionárias e mistificadoras de que o Islão é incompatível com Democracia.
As eleições podem não ter sido realizadas nas condições de liberdade e segurança que os iraquianos e a UE desejaria. Podem não ter tido a observação internacional a que os iraquianos teriam direito para que a sua legitimidade não pudesse ser contestada por ninguém. Podem não ter tido a participação da comunidade sunita, que constitui 20% da população - e isso é altamente preocupante, porque pode precipitar-se uma guerra civil se os sunitas forem marginalizados do processo constitucional que se vai seguir. Mas no sul e no norte, milhões de iraquianos e iraquianas apesar de todas as ameaças, insuficiências, constrangimentos e pressões votaram, tiveram a coragem de votar. Mesmo os shiitas que terão votado por obediência religiosa, tiveram a coragem de votar. E todos disseram, assim, mais uma vez, que é tempo de acabar com a ocupação militar do Iraque!
É tempo de deixar à comunidade internacional, sob o comando da ONU, o papel de enquadrar e apoiar o processo subsequente, sob controlo dos iraquianos. Um calendário de retirada deve ser urgentemente exigido a americanos e britânicos. A UE deve dizê-lo ao Presidente Bush, quando ele vier a Bruxelas dentro de semanas. Porque a maioria dos milhões de iraquianos e iraquianas que tiveram a coragem de votar, também têm tido a coragem de repetir que não querem as forças da coligação a ocupar militarmente o seu território. Mostram-no consistentemente todas as sondagens feitas por instituições americanas e publicadas na imprensa americana nos últimos meses.
Recorde-se a reacção irada dos iraquianos, quando Bush pretendeu colher louros do sucesso da equipa de futebol iraquiana nos Jogos Olímpicos. Não tentem outros vir agora colher louros desta vitória iraquiana! Por respeito pelos milhares de iraquianos vítimas da guerra. Uma guerra cheia de erros e enganos, pela qual os iraquianos, mais do que quaisquer outros, já pagaram um preço. Um preço elevadíssimo. Por isso, é deles a vitória.




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