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Os palestinos e Jesus Cristo - JACOB DOLINGER
O GLOBO - 19/01
Toda a história do Senhor dos Cristãos se desenrola na Jerusalém judaica de dois milênios atrás
Aimprensa noticiou que Mahmoud Abbas, o presidente da Autoridade Palestina, reafirmou que não reconheceria o Estado de Israel como o Estado dos Judeus. Realmente nenhuma novidade nesta manifestação, que já foi objeto de várias declarações anteriores suas e de outros líderes palestinos.
O que houve de novo nesta recente manifestação é o que vem relatado na correspondência do jornalista árabe Khaled Abu Toameh, especialista em assuntos árabes e palestinos do jornal ?The Jerusalem post?, em sua edição eletrônica de 12 de janeiro.
Assim descreve o correspondente árabe as palavras de Abbas: ?Referindo-se à exigência de Israel para que seja reconhecido como o Estado Judeu, Abbas disse: ?Esta é uma história de que só temos ouvido falar nos últimos dois anos. Não reconheceremos e não aceitaremos a judaicidade de Israel. Temos muitas excusas e razões que nos impedem de fazer isto. O problema de Israel é que os palestinos sabem mais do que os israelenses sobre história e geografia. Nós falamos sobre o que conhecemos?.?
Ocorre que, de um lado, toda a história e o desenvolvimento do sionismo, visando à volta do povo judeu à sua terra ancestral, partiu do livro de Theodor Herzl intitulado ?O Estado Judeu?. E, por outro lado, a oposição dos árabes ao desenvolvimento do esforço sionista na Terra Santa sempre se baseou na recusa a aceitar o povo judeu autônomo e soberano em sua vizinhança. O rei Ibn Saud, da Arábia Saudita, deixou isso bem claro em suas conversações com o presidente Franklin Delano Roosevelt durante os anos da Segunda Guerra Mundial. Nenhuma novidade de dois anos atrás nos ouvidos árabes.
Mas repetir a ladainha de Arafat de que os judeus não têm conexão histórica com a Terra Santa leva a uma outra conclusão que interessa a toda a cristandade. O Novo Testamento está repleto de referências à conexão de Jesus Cristo com a cidade de Jerusalém, centro da vida judaica da época.
Em Lucas 2:22, lemos: ?E quando os dias de sua purificação, de acordo com as Leis de Moisés, se completaram, trouxeram-no para Jerusalém, para apresentá-lo ao Senhor.? E ao longo de todo o capítulo 2 vem descrita a relação de Cristo com Jerusalém e com os sábios que nela pontificavam. Em Marcos, capítulo 11, versículo 15, a narrativa de como Cristo derrubou a mesa dos vendedores no templo.
E assim toda a história do Senhor dos Cristãos se desenrola na Jerusalém judaica de dois milênios atrás. Que fique então caracterizado que quando Arafat negava a existência do Templo Judaico em Jerusalém e quando Abbas se diz melhor conhecedor de história e geografia do que os judeus, o que o leva a negar a ligação do povo de Moisés com a Terra Santa, eles estão igualmente indo contra as verdadeiras origens históricas e geográficas do cristianismo.
Seria oportuno e adequado que a Igreja Católica Apostólica Romana, a Igreja Anglicana, a Igreja Greco-Ortodoxa, os evangélicos, enfim, todos aqueles que acreditam no Senhor Cristo e nas suas origens, levantem-se para explicar aos palestinos e aos muçulmanos em geral que eles, que só apareceram no cenário mundial muitos e muitos séculos depois dos eventos ligados aos judeus na Terra Santa e ao nascimento do Cristianismo, se não estudarem diligentemente a história e a geografia da época nunca saberão realmente do que estão falando.
A verdade é que esta posição dos árabes e dos muçulmanos em geral representa um atentado contra uma crença que une judeus e cristãos ? o centro religioso judaico construído primeiramente pelo Rei Salomão, que, destruído, foi novamente levantado pelo Rei Herodes e completado pelos macabeus. E neste segundo templo andou e lançou seu verbo o fundador do Cristianismo.
A tradição e os laços judaico-cristãos de que tanto se lê na filosofia, na teologia, na história, nas manifestações da civilização ocidental em geral, deveriam se unir em defesa de um atentado à verdade histórica e à realidade geográfica. E um dia os muçulmanos voltarão a ocupar sua posição de sabedoria, de honra como nos gloriosos tempos da Alta Idade Média.
Senhor Abbas, ouça seus irmãos mais velhos.
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