Certa vez, o economista Milton Friedman, vencedor do Prêmio Nobel, disse que a inflação é uma doença capaz de destruir a sociedade. E se o aumento do desemprego entrar no diagnóstico, surgirá, então, um grave efeito debilitante sobre as pessoas — a miséria. Nesse contexto, dados de um índice criado pela agência Bloomberg indicam um 2015 “hospitalar” para o Brasil. O país surgiu em um nada honroso 13º lugar num ranking da miséria que avaliou 15 países.
O chamado Índice da Miséria 2015 é resultado de uma equação simples: taxa de desemprego + alteração no preço ao consumidor index = miséria. E o estudo indica que este será um ano de aflição aguda para Venezuela, Argentina, África do Sul, Ucrânia e Grécia, as cinco economias onde viver e trabalhar será mais complicado em 2015.
No caso da Ucrânia, o conflito secessionista será o responsável pelas maiores baixas econômicas. A tensão com os separatistas russos deve prolongar o desemprego no país do Leste Europeu, e a inflação não deve ceder. Esse “ferimento” duplo significa que os consumidores ucranianos poderão ter a quarta economia mais doente entre 51 pesquisadas, inclusive, na zona do euro. A taxa de desemprego deve subir dos 8,9% no terceiro trimestre de 2014 para 9,5%. E a inflação deve subir num ritmo de 17,5%. As perspectivas são ruins — mas não tanto quanto as do ano anterior. Afinal, o país encerrara 2013 no segundo lugar do ranking da miséria.
Os três países que provavelmente assistirão à maior miséria econômica em 2015 — África do Sul, Argentina e Venezuela — não evoluíram muito no ranking em relação ao ano passado, quando ocuparam três das quatro primeiras posições.
Preços em alta no Brasil
Trata-se, pelo ranking, de um retrocesso. No ano anterior, o Brasil figurava em 19º lugar da lista.No caso do Brasil, apesar de a taxa de desemprego se manter baixa, em 5,3%, o país chega ao ranking por conta do despertar de um velho fantasma do passado — a alta dos preços. E isso porque todas as projeções atuais indicam como remotas as possibilidades de a inflação ficar dentro do teto da meta estabelecido pelo governo, que é de 6,5% por ano, com uma margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
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