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Por Marco Aurélio Mello, no blog DoLaDoDeLá:Estávamos todos tão ocupados em digerir as iniciativas da presidência da República para combater a corrupção, reformar a política, melhorar a mobilidade urbana, a educação e a saúde, que deixamos uma notícia importante fora de nossas pautas na última segunda-feira.
O novo balanço de gastos em propaganda oficial: R$ 1,2 bilhão no ano passado. A notícia foi veiculada pelo Instituto Brasil Verdade, que tentou saber da Secom por que houve aumento nos gastos com publicidade sem no entanto obter resposta.
De 2002 para cá, governo e estatais desembolsaram R$ 10,8 bilhões, o que dá uma média anual de R$ 1,1 bilhão, já descontada a inflação acumulada no período. Estão incluídos na conta ministérios, autarquias, fundações, estatais e empresas de economia mista.
A campeã é a televisão, com 60% da receita. Depois vem os jornais, com 13%, emissoras de rádio, com 10% e as revistas, com 9%. Internet e outdoors ficaram com fatias maiores apenas do que os gastos com salas de cinema, bancos de praça, pontos de ônibus, carro de som, telas de shoppings, elevadores, supermercados e aeroportos, que juntos morderam o restante.
Só para efeito de comparação, a Globo, que mordeu algo em torno de R$ 550 milhões em 2012, deve à Receita Federal R$ 2,1 bi em Imposto de Renda e entrou na justiça para não pagar. Que tal se a Secom suspendesse os repasses enquanto essa discussão se arrasta, sob o manto do sigilo???
Fazendo uma conta por aproximação, em quatro anos e meio o Governo Federal recuperaria esse passivo, enquanto a demanda correria na Justiça. Na outra ponta, por se tratar de uma concessão de serviço público, nada mal se ela, Globo, fosse obrigada a veicular a publicidade oficial de agora em diante, até que houvesse uma decisão final sobre créditos e débitos.
Quero ver como eles fariam para pagar os tais BVs, ou bônus de volume, uma espécie de caixinha às agências de propaganda que escolhem a Globo para anunciar.
E sabem o que mais incrível neste levantamento? É que no governo Lula os gastos aumentaram em média 10%, em relação ao governo FHC. Não é de cair o queixo, minha gente? A campeã de gastos foi a Secretaria de Comunicação da Presidência, leia-se dona Heleninha Chagas, com R$ 124 milhões no ano passado.
E quem pode distinguir informação de interesse público e autopromoção? Neste ponto falta ainda transparência na gestão pública. Mas justiça seja feita. Pelo menos agora nós temos acesso aos números, que sempre foram sonegados do público. Procurem saber se seu estado e município discriminam seus gastos com publicidade. Já que a turma quer participar, eis aqui um caminho.
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