Palocci na TV Globo: fritura continua
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Palocci na TV Globo: fritura continua


Da redação da CartaCapital:

A primeira entrevista de Antônio Palocci após a denúncia de que multiplicou exponencialmente seu patrimônio através de uma empresa de consultoria não melhora sua condição delicada como interlocutor do governo. Ao Jornal Nacional, o ministro-chefe da Casa Civil não revelou o nome das empresas com quem trabalhava nem quanto recebeu no período. Afirmou apenas que prestava consultoria para empresas de “mercados de capitais, fundos de investimentos em outras empresas privadas e de serviço em geral”.


Palocci afirmou que jamais atuou com empresas privadas com interesses em orgãos públicos, mas negou divulgar os nomes alegando que “agiria contra a lei” se assim procedesse.

“O meu papel é de respeitar as leis rigorosamente. Quando vim ao governo, entreguei à comissão de ética todas as informações das medidas que eu tomei junto dela. Há atuação de consultoria junto aos orgãos públicos", declarou. “Afirmo categoricamente que toda o lucro da empresa foi fornecida aos orgãos de controle. Elas já estão com a Procuradoria Geral da República”.

Palocci também negou que o dinheiro recebido nos últimos meses em que a empresa esteve aberta – cerca de 10 milhões de reais entre novembro e dezembro de 2010 – tivesse relação com a campanha nas eleições 2010. ” Neste período eu apenas fiz encerramento de contrato que eram previstos ao longo do tempo. Não foram serviços prestados naquele mês, foram prestados ao longo dos anos, e então houve o pagamento”, disse.

Sem dar as principais respostas após três semanas de crise, Antônio Palocci deve continuar em processo de fritura como ministro-chefe da Casa Civil de Dilma Roussef, cargo que exige forte intermediação política com a base aliada e a oposição. Membros do PT passaram os últimos dias a isolá-lo. “A crise é do governo, e não do PT”, disse o deputado André Vargas, secretário de Comunicação do partido. “O problema do Brasil não é o Palocci. O problema é não deixar que esse episódio paralise o governo”, disse Jorge Coelho, secretário da Mobilização.

A entrevista ao Jornal Nacional não foi realizada ao vivo, como se cogitava horas antes de ir ao ar. Antônio Palocci respondeu as perguntas do repórter Júlio Mosquera em seu gabinete.

Em maio, uma reportagem da Folha de S. Paulo informou que Palocci teve o patrimônio inflado em 20 vezes entre 2006 e 2010 graças a sua atuação como consultor de empresas privadas. A repercussão do caso atrapalhou o governo de Dilma Roussef em alguns dos principais focos do governo federal neste início de mandato, como a votação do código florestal e na aprovação dos kits de combate à homofobia nas escolas. Também ofuscou o lançamento do programa Brasil Sem Miséria, principal projeto eleitoral da presidenta.




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