Para 89% da população a mulher precisa arrumar a casa
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Para 89% da população a mulher precisa arrumar a casa



69% dos homens não concordam que a mulher saia com amigos ou amigas sem sua companhia

 

 

 Uma pesquisa traçou o perfil do comportamento machista do brasileiro. Segundo o estudo "Per

cepções dos Homens Sobre a Violência Doméstica contra a Mulher", feita pelo Instituto Avon em parceria com o Data Popular, 69% dos homens não concordam que a mulher saia com amigos ou amigas sem sua companhia. 46% consideram inaceitável que ela use roupas justas e decotadas. E 85% dos homens não acham aceitável que uma mulher fique bêbada. Além disso, 47% dos homens concordam com a ideia de que o homem precisa mais de sexo do que a mulher.
Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular, a pesquisa indica que "muitas vezes, o machismo está em situações que não são vistas pela sociedade brasileira como machismo. O homem sai com os amigos sem a mulher, fica sem camisa em ambientes públicos, bebe à vontade. Ele faz, mas acha que a mulher não pode fazer. Isso talvez esteja na raiz da violência doméstica. A sociedade acha que a mulher não pode fazer o que o homem faz".
O levantamento revelou ainda que, por mais avanços que tenham ocorrido em relação à divisão doméstica do trabalho, a mulher ainda é vista como responsável por ele: 89% dos homens consideram "inaceitável" a mulher não manter a casa em ordem. Segundo o estudo, a mulher ainda é relacionada pela maioria dos homens a sentimentos como carinho e amor, e o homem associado por muitos a traços como sexualidade e honra.
E MAIS:16% dos homens brasileiros já foram violentos com mulheres
O estudo mostrou também que 53% dos homens atribuem à mulher a responsabilidade pelo casamento dar certo. "Nesta pesquisa, abordou-se também a questão da cultura machista, que leva homens e mulheres a terem expectativas equivocadas sobre o papel de suas companheiras e a se julgarem no direito de usar a violência diante de qualquer frustração em relação a essas expectativas", destaca Carlos Zuma, cofundador e Secretário Executivo do Instituto Noos.
Para Marcos Nascimento, coordenador adjunto do Centro Latino-americano de Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM/IMS/UERJ), outro ponto importante é que, ao definir o que é considerado como violência, certas atitudes são banalizadas como se fossem aceitáveis. "Uma suposta ou efetiva traição foi usada no passado como justificativa para o uso da violência contra mulheres, e ainda é motivo de assassinato delas. E isso é compartilhado entre os pares, entre os amigos, entre os outros homens", analisa Marcos.
A pesquisa, realizada entre agosto e setembro de 2013 em 50 municípios do Brasil e feita com 1.500 entrevistas com homens e mulheres de 16 anos ou mais, é parte de um estudo bianual que integra a campanha "Fale Sem Medo ? não à violência doméstica", realizada pelo Instituto Avon.

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