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Pela tolerância - EDITORIAL ZERO HORA
ZERO HORA - 07/06
O contexto de rápidas transformações socioculturais valoriza a atuação das instituições brasileiras, das quais se espera o máximo de eficiência no encaminhamento dessas questões.
No mesmo dia em que o futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso defendeu em sabatina no Senado o respeito e a tolerância a pensamentos diferentes, lembrando que a marca da sociedade atual é a "pluralidade", milhares de religiosos voltaram a ocupar, na última quarta-feira, a Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O objetivo, mais uma vez, foi protestar contra mudanças normativas em relação a questões como o aborto de anencéfalos e a união homoafetiva. Assim como a liberdade de expressão, que assegura a realização de manifestações com esse objetivo, também a liberdade de credo é uma garantia constitucional. Sejam evangélicos, católicos ou de outras religiões, os brasileiros têm todo o direito de se reunir e de se expressar. O país, porém, não pode se render ao fundamentalismo, nem dos defensores da flexibilização dos costumes e das instituições, nem dos que resistem às mudanças. O que o Brasil precisa, isso sim, é desenvolver uma cultura de tolerância, capaz de possibilitar o convívio pacífico de quem pensa diferente.
Entre as sucessivas mudanças que vêm ocorrendo na atualidade, uma das mais relevantes é a comportamental. O mundo ocidental se mostra cada vez menos disposto a aceitar barreiras de ordem étnica, religiosa, racial e política. Mas, como advertiu também o ministro indicado para o Supremo, "as maiorias podem muito, mas não podem tudo". Isso significa que, em meio às diferenças e às divergências, é preciso sempre lutar por pontos consensuais e pelo convívio civilizado. O contexto de rápidas transformações socioculturais enfrentado hoje no mundo ocidental valoriza a atuação das instituições brasileiras, das quais se espera o máximo de eficiência no encaminhamento dessas questões.
Nos últimos anos, por iniciativa do Congresso ou do Judiciário, o país vem reavaliando normas em questões que não se resumem ao aborto de anencéfalos e aos relacionamentos homoafetivos, estendendo-se também a questões como cotas raciais e adoção por homossexuais. Na maioria dos casos, as instituições se manifestam para avalizar o que, na realidade, já foi conquistado há algum tempo, por conta de mobilizações intensas por parte de segmentos da sociedade. Em qualquer dessas situações, o essencial é que não haja tentativas de imposição de defensores de uma ou outra causa, nem que o debate seja simplesmente rechaçado com base em justificativas nas quais predominam o preconceito e o moralismo.
Mobilizações de rua, como as que vêm se multiplicando na Capital Federal, são importantes como forma de expor diferentes pontos de vista sobre temas quase sempre complexos. Essas manifestações só fazem sentido, porém, se buscarem o entendimento, não o conflito.
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