Pelo fim dos privilégios - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
Geral

Pelo fim dos privilégios - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE


CORREIO BRAZILIENSE - 07/06

Chamou a atenção a notícia da troca de carros do Superior Tribunal Militar. A modernização da frota, que implica a compra de 17 sedãs ao custo unitário de R$ 116 mil, passaria despercebida em outras épocas. Senão despercebida, pelo menos rotineira, nada digno de registro além do burocrático. Em tempos de crise, porém, o fato traz à tona velha questão que precisa ser enfrentada com determinação.

Trata-se de privilégios que fincam raízes no setor público. Carro com motorista talvez seja o mais simbólico. Mas não é o único. A ele se somam cartões corporativos, residências oficiais, combustível, garçons, elevadores privativos, verbas de representação. Difícil encontrar justificativa para a manutenção de mordomias ultrapassadas que, além de onerar o erário, servem de mau exemplo para as três esferas do poder.

Estados e municípios reproduzem as benesses com a naturalidade de quem dá bom dia ao entrar no elevador ou diz até logo ao se despedir. Prefeituras que sobrevivem à custa do Fundo de Participação dos Municípios não abrem mão de benefícios anacrônicos usufruídos em âmbito estadual e federal. ONGs que recebem dinheiro proveniente de impostos cobrados dos contribuintes também sofrem o contágio do mau exemplo. Instituições que embolsam contribuições parafiscais não ficam atrás.

A Constituição diz que todos são iguais perante a lei. A prática do setor público, porém, teima em provar que se trata de princípio que não pega. No século 21, nada mais retrógrado do que sustentar o modelo de casa grande e senzala. Quem ostenta o cartão de autoridade se vacina contra o povo. Isola-se. Não usa transporte público, não se trata em hospital público, não se satisfaz com a segurança pública, não matricula os filhos em escola pública. Até o tratamento muda. O democrático senhor cede lugar ao aristocrático excelência.

Crise, dizem os chineses, é oportunidade. As agruras por que passa a economia obrigam o governo a cortar gastos. Educação, saúde, saneamento, mobilidade sofrem na carne e nos nervos a redução no orçamento. As vítimas são estudantes, enfermos, trabalhadores - pessoas que constroem o futuro da nação. Dilma Rousseff, primeira mulher a presidir o país, pode deixar marca capaz de diferenciá-la dos antecedentes. Acabar com os privilégios é passo importante para sintonizar o país com a contemporaneidade.


O tempo se encarregou de relegar ao passado práticas que fizeram sentido em determinado contexto, mas se tornaram inaceitáveis com as mudanças da sociedade. É o caso da escravidão, da homofobia, da corrupção, da discriminação da mulher, da intolerância étnica, cultural e religiosa. É o caso, também, dos privilégios no serviço público. Como o Estado não planta dinheiro, sustenta mordomias com o meu, o teu, o nosso trabalho. Passou da hora de dar o salto para o século 21. Com a palavra, a presidente Dilma Rousseff.




- Vanguarda Do Atraso - Editorial Correio Braziliense
CORREIO BRAZILIENSE - 16/10 "O Brasil não perde oportunidade de perder oportunidades." A frase, repetida por Roberto Campos, traduz tendência inapelável da burocracia verde-amarela. Exemplos não faltam. O mais recente figura no decreto que reduz despesas...

- Homofobia é Prova De Atraso - Editorial Correio Braziliense
CORREIO BRAZILIENSE - 13/10Há comportamentos que foram abonados em determinada época, mas o tempo se encarregou de deixá-los relegados no passado. É o caso da escravidão. Nos séculos 16, 17, 18 e 19, aceitava-se com naturalidade submeter negros...

- Pelo Fim Do Dia Da Mulher - Editorial Correio Braziliense
CORREIO BRAZILIENSE - 08/03A existência de um dia dedicado à mulher seria patética numa sociedade livre de discriminação de gênero. Se não patética, pelo menos folclórica, extravagância de satisfeitos que não têm mais nada por que lutar. Ou,...

- Transporte Precisa Mais Que Dinheiro - Editorial Correio Braziliense
CORREIO BRAZILIENSE - 26/10Quatro meses depois do início das manifestações que tomaram as ruas do país por melhorias e tarifa zero no transporte público, os próprios protestos, retomados esta semana, ainda são a maior novidade. É verdade que,...

- Por Que Motivo...
... é que os transportes urbanos de Lisboa (e do Porto) hão-de estar a cargo do Estado, em vez dos municípios (ou associações de municípios) interessados (como no resto do País)? Não é evidente que, desse modo, são os contribuintes de todo o...



Geral








.