Petróleo na balança - EDITORIAL FOLHA DE SP
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Petróleo na balança - EDITORIAL FOLHA DE SP


FOLHA DE SP - 12/08

Deficit externo do setor atinge recorde e expõe falhas de planejamento energético e da política econômica do governo Dilma Rousseff


Cresce, desde 2009, a dependência brasileira de combustíveis importados. O deficit externo do setor, portanto, aumenta. Não chega a preocupar em termos econômicos, dadas as dimensões do PIB e do intercâmbio do Brasil com o exterior, mas o resultado evidencia problemas na gestão desse item estratégico para qualquer país.

O deficit no primeiro semestre deste ano foi de US$ 15,4 bilhões, três vezes mais que no mesmo período de 2012. O aumento decorre do maior consumo de gasolina e diesel para veículos e de óleo e gás para usinas termelétricas, além de baixas de produção da Petrobras e de um problema contábil (importações petrolíferas do ano passado apenas agora são contabilizadas).

Quanto às usinas, elas foram ligadas devido à baixa dos reservatórios das hidrelétricas e ao risco, remoto, de racionamento de energia. Trata-se, em certo sentido, de simples contingência.

É outro o caso da elevação do consumo de gasolina e diesel, provocado pelo crescimento da frota de veículos e pelo preço relativamente baixo desses combustíveis, represado pelo governo para conter artificialmente a inflação.

Esse controle postiço de preços é um despropósito que resulta do fracasso da política econômica. Sua consequência é o desarranjo desse mercado. Gasolina e diesel baratos ajudaram a avariar a indústria do etanol.

Descapitalizado, o setor sucroalcooleiro passou a produzir menos, com o que o país veio também a importar etanol dos Estados Unidos. Há, no médio prazo, efeitos negativos para esse importante negócio, que articula a agricultura brasileira com a indústria por meio de inovações tecnológicas nacionais.

A Petrobras é obrigada a importar gasolina cara e a revendê-la pelo "preço de tabela" do governo. O prejuízo diminui a capacidade de investimento da empresa. Além disso, anos de administração de qualidade duvidosa e a prioridade dada ao pré-sal, sem contar manutenção de plataformas e baixa de produção em campos antigos, reduziram a produção da petroleira.

O recurso a usinas termelétricas e o uso excessivo de diesel demonstram insuficiências da política de substituição de combustíveis poluentes por fontes renováveis, como atrasos nas obras de geração e transmissão de energias mais limpas e falta de condições econômicas para o uso do etanol.

Em termos financeiros, o Brasil não atingiu a autossuficiência em petróleo, como alardeado em meados do governo Lula. Deficit moderados na balança de combustíveis, porém, não são em si mesmos um problema.

A presente situação mostra deficit mais grave: de planejamento no setor de energia e de racionalidade na política econômica.




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