PODE VIR QUENTE QUE ESTAMOS FERVENDO, SEGUNDO TURNO
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PODE VIR QUENTE QUE ESTAMOS FERVENDO, SEGUNDO TURNO


Antes de mais nada, devo dizer que escrevo este texto antes de ler qualquer análise, até porque não terei tempo de ler nada. Mas gente, calma. Muita calma nessas horas.
O resultado final do primeiro turno foi Dilma com 46,7%, Serra com 32,6%, Marina com 19,3%, e Plínio com 0,9% (não sei quanto a vocês, mas eu acho que gastamos saliva demais com um candidato que não tem 1% dos votos. Por que ele estava nos debates? Ah é, pra forçar um segundo turno). É decepcionante porque todas as pesquisas indicavam que Dilma venceria no primeiro turno, mas por uma margem ínfima. Se ganhasse, teria 50%, 51% dos votos. Teve 47%. Eu passei todos os posts dizendo que teríamos segundo turno, que era bom demais pra ser verdade, que nem Lula se elegeu no primeiro turno. Só ontem que eu estava um pouco mais otimista, achando que talvez desse. Não deu. Mas vamos parar de nos comportar como se tivéssemos perdido, pô! Não somos nós que não conseguimos chegar aos 33% dos votos. Foram eles. Tem gente de esquerda prevendo o fim do mundo (ou seja, a vitória do Serra). E tem gente de direita ultra-eufórica, meio que imitando a dupla tio Rei-Dieguito na véspera do primeiro turno em 2006.
Aliás, 2006 nos ensina boas lições. No primeiro turno daquele ano, Lula teve 48,6% dos votos válidos. Um pouquinho a mais que Dilma ontem. Alckmin teve 41,6%. No segundo turno Lula ficou com 61%, e Alckmin, com 39%. Foi a primeira vez na história mundial que um candidato teve menos votos no segundo que no primeiro turno.
Acredito que algo parecido a esse placar (60% pro PT, 40% pro PSDB) vai se repetir agora, neste segundo turno. Dilma não vai perder votos, certo? Tudo que ela precisa pra ser eleita é abocanhar mais 3 ou 4% dos votos, e pronto. Tenho fé que será muito mais. Já o caminho do Serra é difícil pacas. Mas, claro, como eles são bons no que fazem, já anunciaram sua primeira mudança: o slogan da campanha. Não será mais “O Brasil pode mais”. Agora será um melhor ainda, “Serra é do bem”. É sério, gente! Não tô inventando. Sinceramente, começo a pensar se, com uma equipe dessas, o PSDB realmente conseguirá chegar aos 40%.
A gente errou porque não acreditou na onda verde. E certamente houve algo parecido com uma na reta final. Ninguém imaginava que Marina teria quase 20%, que realmente é altíssimo. Não é mentira que quem levou a eleição pro segundo turno foi ela. Eu achava que ela tiraria mais votos do Serra que da Dilma, mas não. Portanto, é bom prestar atenção neste voto. Seguinte: entre os eleitores da Marina, são pouquíssimos os que votaram no partido. O PV não existe. A pecha de “ecológica” faz parte do pacote Marina, mas não sei nem se é sua característica mais marcante. Ela também é associada à etica e à religião. Vou repetir essa última palavrinha: religião. É extremamente provável que onde Marina mais tenha crescido tenha sido entre os evangélicos e católicos menos relaxados. A campanha das igrejas mais conservadoras contra Dilma e o PT nessas últimas duas semanas foi imensa. Vocês viram emails, vídeos, palavras diretas dos pastores dizendo que Dilma é satanista, demoníaca, abortista, praticamente um anticristo. Como em time que tá ganhando não se mexe, é esse discurso que vai se intensificar. Foi essa a “onda verde”. Mais uma vez, a onda do medo, de que o Brasil virará uma ditadura comunista e ateia em que gays invadirão as igrejas para se casar e mulheres serão forçadas a abortar. Não é à toa que o slogan do Serra dirá que ele é do bem. Então, sim, boa parte do voto na Marina é o voto do atraso, da Idade Média, de gente que tem horror à liberdade e gostaria mesmo é de um Estado fundamentalista, em que Deus falasse mais alto que qualquer lei.
Só que não é só isso. Mesmo entre os eleitores evangélicos da Marina, é duro pensar que eles migrarão em massa pro Serra. Não é bem assim. Imagina só um evangélico aqui do Nordeste, por exemplo, vendo como o governo Lula tem mudado a região, lembrando-se, mesmo que vagamente, do que foi a administração FHC. Nessa hora a bíblia falará mais alto que o bolso? Não creio.
Teve gente “descolada” que voltou na Marina, gente que queria uma terceira via. Esses votos são mais fáceis de ir pra Dilma. E teve gente que quer uma mulher na presidência. Pelamordedeus, essas pessoas não vão votar no Serra agora, vão?
O PV já anunciou, na sexta, que, se houvesse segundo turno, apoiaria o Serra. Isso não significa nada, já que é um partido nanico, sem força. Vamos ver quem Marina apoia. Eu sempre achei que ela iria apoiar Serra. Mas talvez, pra não se queimar, ela opte pela neutralidade. Du-vi-do que ela apoie Dilma. Marina passou os últimos dias dizendo que o Brasil precisa de uma mulher presidente. Serra, no último debate, numa inacreditável bola fora, disse que não vê grandes diferenças entre Marina e Dilma. E Marina se identificou a vida toda com o PT. Mas nada disso quer dizer grande coisa, já que o voto em Marina não é um voto politizado. É um voto de emoção apenas, de sentimentos difusos. Mas ninguém (nem o Lula!) transfere todo seu patrimônio eleitoral pra um candidato. Mesmo que Marina diga “Agora é Serra”, é altamente improvável que o tucano veja mais 19% parar na sua urna. Não vai acontecer. Uma pesquisa recente mostrou que 51% dos eleitores de Marina iria pro Serra, e 31%, pra Dilma. Serra precisaria de pelo menos 80% dos eleitores de Marina pra ganhar.
Não há motivo pra tanta preocupação. A mídia vai fazer o que faz sempre (campanha contra o PT e contra a esquerda em geral), e não vai conseguir nada. Definitivamente não foi a Veja ou a Folha ou a Rede Globo ou o editorial do Estadão que levou a decisão pro segundo turno. Eles não formam mais opinião, ao contrário de bispos e pastores. Eles não fazem mais seu candidato desde 2002.
Sei que é uma ducha de água fria, porque gostaríamos de estar comemorando agora, mas vamos só adiar a celebração. A festa virá. Agora sim a eleição se politiza, se transforma num plebiscito, numa comparação de projetos muito diferentes. E a maioria do Brasil não vai votar no passado e no atraso. E acho importante também enfatizar a ideia do “vamos eleger nossa primeira mulher presidente”. Quero imaginar que essa ideia só não se popularizou no primeiro turno porque tínhamos duas candidatas (e a Marina foi instigada a se candidatar justamente pra tirar o entusiasmo em torno de Dilma como primeira mulher presidente). Agora a situação fica clara. De um lado temos um patriarca durão, centralizador, autoritário (sendo acusado pelo próprio partido de não ouvir os outros), representante da elite que governou o Brasil entre 1500 e 2002. Esse é o lado do DEM, opa, do bem. Do outro temos uma mulher de esquerda, durona também, embora não centralizadora, e parte de um governo que vem mudando o país. Dilma tem um cabo eleitoral com 80% de popularidade, o governante mais bem avaliado do mundo, enquanto o lado do “bem” tem um cabo que não pode aparecer porque tira votos, uma mídia falida, e, talvez, uma direita light encabeçada por Marina. Querem saber? Sou mais a gente. No dia 31 a festa será toda nossa.




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