Morte de paciente que teve gaze esquecida na barriga no hospital regional de Taubaté |
Uma endoscopia feita a pedido de um médico particular no litoral mostrou que a mulher estava com uma compressa cirúrgica dentro estômago. "O médico pegou, olhou, ficou olhando e disse: 'tem alguma coisa no estômago dela. A gente queria saber como isso e ele falou: 'isso deve ter sido erro médico'", disse a filha da paciente, Juliana Bezerra. O caso começou em novembro do ano passado quando a paciente foi encaminhada para o Hospital Regional de Taubaté onde fez duas cirurgias: a retirada de pedras na vesícula e também uma correção da hérnia do estômago. Desde então, a paciente que morava em São Sebastião vivia passando mal e não conseguia mais comer. Chegou a ser socorrida três vezes no Pronto Socorro da cidade.
Maria Aparecida passou por uma segunda cirurgia para retirar a compressa do aparelho digestivo, mas já era tarde demais. No atestado de óbito uma das causas da morte é sepse abdominal, uma infecção, como explica o diretor do hospital São Sebastião, Arquimedes Hipólito. "A causa da morte foi uma infecção de foco abdominal. A sepse abdominal recorrente de uma fístula duodenal, ou seja, de uma comunicação anormal de uma parte do intestino com a cavidade abdominal". A família de Maria Aparecida registrou um boletim de ocorrência e o caso está sendo investigado como homicídio culposo (quando não há intenção de matar). "Está sendo instaurado um inquérito policial. Estamos requisitando exame de corpo de delito indireto, através do prontuário, da ficha clínica da paciente no hospital", explicou o delegado José Lamartine.
O Hospital Regional de Taubaté abriu sindicância para apurar a conduta da equipe que operou a paciente de São Sebastião. A direção informou que todos os profissionais envolvidos na cirurgia estão sujeitos a punição administrativa, inclusive demissão. O caso também está sendo investigado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) Com 30 anos de experiência, o gastroenterologista (especialista em cirurgias do aparelho digestivo) Roberto Kikko, acredita que o material esquecido pode não ter sido a causa da morte, mas como impediu a paciente de se alimentar, ela não teve chance de se recuperar. "Como ela também já tinha Hepatite C, isso acarretou provavelmente uma desnutrição. Ela ficou sem se alimentar, portanto, isso foi uma coisa puxando em decorrência disso, outros fatores, que provavelmente foi a causa dessas complicações até mesmo serem letais". Veja íntegra da nota do HR A direção do Hospital Regional de Taubaté esclarece que abriu sindicância para apuração rigorosa da conduta da equipe que operou a paciente M.A.G.B. na unidade, em novembro de 2011. O caso será encaminhado também ao Conselho Regional de Medicina e demais entidades representativas do setor. O hospital possui protocolo de segurança cirúrgica que determina a realização de check list completo para a certificação de que nenhum instrumental ou insumo fique no organismo de pacientes após a incisão cirúrgica. A sindicância, que deverá durar 30 dias, irá verificar se este protocolo foi seguido, entre outras informações. Todos os profissionais envolvidos na cirurgia serão ouvidos e estão sujeitos a sanções administrativas, incluindo a possibilidade de demissão do serviço. Na cirurgia realizada, em 8 de novembro, a paciente apresentou boa evolução clínica e não foi constatada qualquer intercorrência. Ela teve alta no dia seguinte com indicação de acompanhamento no AME (Ambulatório Médico de Especialidades) Caraguatatuba. A paciente era portadora de Hepatite C viral, uma doença grave, havia cerca de 10 anos. É importante ressaltar que o atestado de óbito da paciente aponta como causa de morte, complicações pós-cirúrgicas consequentes de uma segunda cirurgia, realizada em outro serviço de saúde, fora do Hospital Regional. O Hospital Regional de Taubaté se coloca à inteira disposição dos familiares da paciente para quaisquer esclarecimentos. Hospital Regional de Taubaté |