Ao longo de 2015, 109 jornalistas foram assassinados no exercício da profissão em todo o mundo. No Brasil, foram duas mortes e 135 casos de violência, como agressão física e cerceamento de liberdade por via judicial. O país também registrou assassinatos de cinco radialistas, dois blogueiros e dois comunicadores populares. Em 40% dos casos de violência, os agressores eram agentes do Estado, principalmente policiais militares ou legislativos.
Os dados estão no Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil ? 2015, lançado na quinta-feira, 21, pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), no Rio de Janeiro. A vice-presidente da entidade, Maria José Braga, destaca que a violência contra os profissionais da imprensa aumentou de 129 ocorrências em 2014 para 137 em 2015. ?O mais triste é o aumento do número de casos em relação ao ano anterior. É lamentável que esse grande número de casos de agressão ainda ocorra e que, em vez de diminuir, o número aumente. Isso é um problema e nós precisamos estar atentos, assim como as autoridades e a sociedade precisam estar atentas. Nós não admitimos nenhuma justificativa para agressão a jornalistas?.
Diretor da Fenaj e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, José Augusto Camargo destaca que o Estado pode ser considerado o agressor em cerca de 40% dos casos, levando em conta que policiais militares ou legislativos lideram a lista de responsáveis pelas ocorrências, com 20,44% dos casos, seguidos de políticos ou seus assessores e parentes, com 15,33%. Os outros agentes do Estado que aparecem entre os agressores são juízes ou procuradores, com 4,37% dos casos. ?A violência contra os jornalistas é um problema político?.
Até 2012, os políticos apareciam em primeiro lugar. Também estão na lista de agressores de jornalistas os manifestantes, com 13,87% de denúncias, seguidos de populares, com 9,49%, e criminosos ou pistoleiros, que responderam por 8,03% da violência contra jornalistas em 2015. A lista dos que agrediram a imprensa ainda inclui trabalhadores ou sindicalistas, empresários, torcedores e dirigentes esportivos, seguranças, suspeitos de crime e um caso de grileiro. Em 8,03% das ocorrências do ano passado, o agressor não foi identificado.
Em 2015, foram assassinados os jornalistas Evany José Metkzer, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, e Gerardo Severino Serviám Coronel, paraguaio que morava em Ponta Porã (MS) e trabalhava em Pedro Juan Caballero. Não entram na estatística da Fenaj, mas constam no relatório, os assassinatos dos radialistas Djalma Santos da Conceição, na Bahia; Patrício Oliveira, Francisco Rodrigues de Lima e Gleydson Carvalho, no Ceará; e Ivanildo Viana, na Paraíba; a presidente de rádio comunitária Soneide Dalla Bernardina, no Espírito Santo; o comunicador popular Israel Gonçalves Silva, em Pernanbuco, e os blogueiros Ítalo Eduardo Diniz Barros e Roberto Lano, ambos do Maranhão.