Geral
Por que não negociar com os EUA? - MARCOS TROYJO
FOLHA DE SP - 22/11
É falta de visão não buscar formas preferenciais de ingressar em um mercado de US$ 16 trilhões
Aturdida com crescente isolamento e erosão da competitividade, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) propõe negociações para um acordo de livre-comércio com os Estados Unidos.
Asfixiada pelo custo Brasil, cerceada pelo imobilismo e pequena escala do Mercosul, a indústria quer acesso privilegiado ao principal mercado comprador do mundo. Os EUA importam US$ 2,8 trilhões por ano. Só 1% disso vem do Brasil.
Historicamente avessa a acordos dessa natureza, a indústria parece conscientizar-se de que os riscos de pactos comerciais com EUA e Europa podem ser comparativamente pequenos. Pior é alicerçar parcerias econômicas em afinidades ideológicas de ocasião e num romântico latino-americanismo.
Ou iludir-se com desfechos milagrosos nas rodadas da OMC.
Nosso Ministério do Desenvolvimento logo tratou de jogar água fria. Informou não prever conversações com os EUA. O Brasil estaria focado na concretização de um acordo Mercosul-União Europeia.
O desdém faz lembrar comentário de graduado integrante do Planalto em março último.
Questionado sobre a posição do país ante o mega-acordo comercial entre EUA e UE, a vigorar em 2015, o palaciano afirmou: "O Brasil acompanha as tratativas sem a afobação de um subordinado".
Melhor no entanto termos pressa. E claro que negociar com a Europa também é bem-vindo --embora o Brasil tenha esperado anos até usar o seu peso relativo no Mercosul para retomar a conversa com Bruxelas.
Tanto Mercosul como UE demandam, contudo, processo de consulta a dezenas de países-membros. Alguns, como Argentina e França, carregam conhecido histórico de manobras protelatórias.
E a negociação agrícola, área sensível --e indispensável-- de um acordo entre esses dois blocos, não apresenta hoje menos entraves do que há dez anos.
Por que então não começar igualmente uma negociação com os EUA? Não fazê-lo só pode representar falta de gente, vontade ou visão.
Entre os milhões de funcionários do Estado no Brasil, não conseguiríamos destacar contingente para tratar com os EUA?
Nos últimos dez anos, o Brasil relegou seus interesses comerciais nos EUA a segundo plano. Enquanto China e outros emergentes exponenciaram vendas, nosso comércio com os EUA teve crescimento pífio.
Em 1985, vendíamos US$ 7 bilhões por ano. Os chineses, US$ 3,5 bilhões. Em 2013, os EUA terão comprado cerca de US$ 30 bilhões do Brasil. Já a China fechará o ano com exportações aos EUA de mais de US$ 400 bilhões.
O escândalo da espionagem é exemplo de grossas e condenáveis barbeiragens dos EUA contra o Brasil e outros parceiros tradicionais. E hoje as relações entre Brasília e Washington estão estressadas.
Não buscar, porém, formas preferenciais de ingresso num mercado de US$ 16 trilhões é falta de visão. Por mais distantes dos EUA em termos de simpatias ideológicas, os chineses sabem pragmaticamente separá-las de seus interesses nacionais. Deveríamos fazer o mesmo.
-
Síndrome De Peter Pan - Celso Ming
O ESTADÃO - 13/10 O governo do PT sempre viu com desconfiança iniciativas de abertura comercial. Rejeitou sumariamente o projeto da Alca (Área de Livre-Comércio das Américas), não avançou nas negociações do Mercosul com a União Europeia e pouco...
-
Revisão Do Mercosul - Celso Ming
O ESTADÃO - 10/05 Aumentam as pressões dentro do governo para que a presidente Dilma mude sua política de comércio exterior para focar na ampliação das exportações. Os ministros Armando Monteiro (Desenvolvimento) e Kátia Abreu (Agricultura) já...
-
Navio Ancorado - KÁtia Abreu
FOLHA DE SP - 03/08 Negociações comerciais capazes de de fazer o país crescer não avançaram na cúpula do Mercosul Até quando deixaremos a ideologia acima das razões econômicas, do mercado e da competitividade, ancorando o grande navio do comércio...
-
Desfigurado - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 13/07 Desta vez, a pauta política caiu das nuvens sobre o colo dos dirigentes do Mercosul, no encontro de ontem em Montevidéu, capital do Uruguai. As denúncias e os protestos contra a espionagem sistemática dos Estados Unidos...
-
Alternativas Externas - - Rubens Barbosa
O GLOBO - 25/06 Na vanguarda de um pensamento moderno e atualizado que vai na direção contrária à tendência protecionista e defensiva defendida por muitos dentro e fora do governo, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo divulgou recentemente...
Geral