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Pouco pode ser muito - TOSTÃO
FOLHA DE SP - 11/08
Nem todos os veteranos brilham no Brasileirão, e nem todos os que brilham são veteranos
Na coluna anterior, falei de Seedorf, que, além de jogar mais livre e mais próximo do gol do que antes, atua no Botafogo de maneira lúdica e criativa. Isso serve para outros veteranos que brilham no Brasileiro. Eles estão bem fisicamente e querem parar por cima. É a última chance de jogarem a grande pelada de suas vidas. Os maiores craques, em todas as atividades, são os que trabalham brincando, com seriedade.
O baixo nível técnico do Brasileirão facilita para os que sabem jogar, veteranos ou não. Muitos discordam. Uns, por convicções técnicas, usam de argumentos, mesmo quando não existem, para dizer que está tudo bem. Há ainda os pachecões, os Policarpos Quaresmas, que acham antipatriota criticar o que é nosso. Existem também os interesses econômicos, de que não se deve desvalorizar o produto futebol.
Durante e após os 8 a 0, muitos --não digo quem porque são inúmeros-- se concentraram nas críticas na falta de empenho dos jogadores e de planejamento da diretoria do Santos. Esqueceram do mais importante, a absurda diferença técnica entre os dois clubes. Mas isso é proibido falar, para não desvalorizar nosso futebol.
Imagine se o Brasil ganhar a Copa, o que tem boas chances de ocorrer. Felipão vai ganhar uma estátua, Marin se tornará herói, e todos os jogadores serão rotulados de craques. E nada vai mudar.
Volto aos veteranos. Alex continua com seu estilo de tocar a bola e de esperar o momento certo para tentar jogada excepcional, decisiva. Quando essa chance não surge, dizem que é um vaga-lume, que acende e apaga. Não entendem sua genialidade.
Há jogadores que correm muito, que ficam muito com a bola, que driblam muito, que dão muitos passes, que finalizam muito, que trombam muito, que caem muito, que reclamam muito, mas que jogam pouco. O pouco de Alex é muito.
Zé Roberto e Juninho Pernambucano disputaram a posição de titular na Copa de 2006. Zé Roberto ganhou e fez parte da seleção do Mundial. Os dois não são típicos volantes nem típicos meias. São armadores, defensivos e ofensivos.
Juan é um dos raros zagueiros que anteveem o passe, antecipam e ainda têm um bom passe. Não tromba com o atacante, não cai nem dá carrinhos. Joga futebol.
Sugiro que, no fim do ano, escolham também o melhor veterano, como tem a melhor revelação. Há uma grande chance de o melhor veterano ser o melhor do campeonato. Acho que a idade mínima deveria ser 35 anos. Ronaldinho ficaria fora, já que tem 33.
Nem todos os veteranos brilham no Brasileirão, e nem todos os que brilham são veteranos. Muitos jovens são também destaques.
Tenho mais esperança em Vitinho, 19, ainda mais que ele tem dois ótimos pais no Botafogo, Oswaldo de Oliveira e Seedorf.
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