A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, decidiu processar a rede de televisão estadunidense Fox News, controlada pelo magnata Rupert Murdoch, por difamação e prejuízos à imagem da capital francesa. Durante a cobertura do atentado à sede do jornal satírico "Charlie Hebdo", que causou 12 mortes, a emissora fez vários comentários sensacionalista, difundindo a ideia de que a cidade virou um palco de confrontos e violências. Um dos jornalistas da Fox News, Nolan Peterson, chegou a comparar Paris às piores zonas de guerra do planeta e exibiu um mapa de regiões da cidade que seriam "vetadas aos mulçumanos". Outros comentaristas da tevê também reforçaram o clima de pânico e histeria.
Em entrevista à repórter Christiane Amanpour, da rede CNN, rival da Fox, a prefeita argumentou que os comentários foram mentirosos e abalaram a imagem da cidade - com reflexos negativos inclusive no turismo. "A prefeita não quer atacar a linha editorial da Fox, mas sim a divulgação de informações falsas que prejudicam Paris", declarou uma fonte da prefeitura ao site "Huffington Post".
Diante da forte reação da prefeitura, a Fox News até tentou justificar o seu jornalismo sensacionalista e criminoso. O vice-presidente executivo de notícias da emissora, Michael Clemente, divulgou nota em que afirma que "nós temos empatia com os cidadãos da França, já que passam por um processo de recuperação e voltam à vida cotidiana". Arrogante, porém, ele criticou a prefeita e a decisão de abrir um processo. "Achamos os comentários da prefeita em relação a um processo judicial equivocados".
Além de prejudicar a imagem de Paris, as "reporcagens" da Fox também reforçaram a onda racista e fascista contra os muçulmanos na Europa. Segundo o Observatório da Imprensa, em matéria postada nesta terça-feira (20), a emissora foi obrigada a se desculpar mais de uma vez por suas gafes. "Foram exibidos quatro pedidos de desculpas depois que o 'analista em terrorismo' Steven Emerson afirmou que muitas cidades europeias têm 'zonas proibidas', onde pessoas que não são muçulmanas não ousam chegar perto.... Já o jornalista e ex-piloto da Força Aérea dos EUA Nolan Peterson disse que certas áreas de Paris o lembravam do Iraque e do Afeganistão".
*****
Leia também:
- A mídia brasileira inspira-se em Murdoch
- Os grampos criminosos de Rupert Murdoch
- A queda do herdeiro do império Murdoch
- A mídia nativa e as lições de Murdoch
- Murdoch e o submundo do jornalismo
- Murdoch filho confessa. E o Civita?
- Murdoch paga US$ 3,2 milhões. E a Veja?
- Escândalo Murdoch e a regulação da mídia
- O destino da Sheherazade de Murdoch
- Revista Veja é o Murdoch brasileiro