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Protesto nos corredores - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 21/06
Rumor, pressões e fofocas a respeito de troca na Fazenda se juntam a outro dia de dólar nervoso
O DÓLAR FOI A R$ 2,26. Próxima parada: R$ 2,30, degrau em que talvez fique por muito tempo, talvez um ano, diz gente que faz negócios no mercado financeiro. Os economistas dos bancões, porém, acham que o paniquito passa até o final do ano, com dólar a R$ 2,10, por aí.
O problema do câmbio não é apenas brasileiro, como se sabe, mas resultado da paulatina mudança da política econômica dos Estados Unidos e, talvez, da expectativa de recuperação mais forte da economia americana.
Pode ser bem passageiro. Pode ser até bom (se os EUA voltarem a crescer mais rápido, mesmo). Mas o Brasil está sofrendo mais, entre os países grandões. Não tende nem de longe a ser desastroso, pois o país agora tem amortecedores para evitar essas reviravoltas na finança mundial. Mas, ainda assim, o paniquito do câmbio vai criar problema, dada a desordem da nossa política econômica.
BOATOS
No mesmo dia em que o dólar namorou os R$ 2,30, a praça se espantou com o rumor de que Lula teria aconselhado Dilma Rousseff a nomear Henrique Meirelles para o lugar de Guido Mantega. O ex-presidente do Banco Central ora no comando de uma empresa privada.
O dólar alto por muito tempo levará o BC a apertar os juros um pouco mais do que pretendia. A falta de crescimento, a desmoralização das contas do governo (que ainda não convenceu quase ninguém de que vai cumprir sua meta), a deterioração de outros indicadores econômicos, tudo isso esquenta a chapa sob a Fazenda. Além do mais, tal conjuntura cria mais atrito para o crescimento da economia. Nada mais grave, mas é mais areia na máquina.
No entanto, a política da Fazenda é a política de Dilma Rousseff. Não se pode dizer, pois, simplesmente, que a política da Fazenda perde força, e a política monetária, do BC, passa a dominar o cenário. Pode-se dizer só que Dilma está desorientada, sem cartas na manga, deixando como está para ver como é que fica.
NOVIDADES
Talvez a presidente espere que os leilões de concessão de estradas, portos e, talvez, aeroportos, mais o leilão de novas áreas de exploração de petróleo mudem o clima, pelo menos na economia, e comece a induzir algum investimento adicional.
No mais, Dilma parece agora sem munição, além de não ter a quem recorrer para novidades. Dentro do governo, não há. Fora do governo, há, mas a presidente não deu ouvidos a ninguém, nem a seu conselho informal de economistas.
Dilma vai começar a procurar novidades? Lula teria mesmo começado a pressionar a presidente para procurar novidades?
Aliás, a presidente está com tempo para pensar nesse tipo de coisa? Dilma Rousseff adiou até viagens por causa de gente em massa na rua. De resto, seria um erro espantoso e para lá de improvável fazer mudança importante no governo em meio a tamanho tumulto.
O problema é que a conversa da necessidade da mudança se espalhou do mercado ao PT, de bancos até a assessores palacianos de Dilma, da finança à indústria. Não caiu na boca do povo, que não está tratando disso. Mas corre a boca cada vez menos pequena entre quem tem poder e dinheiro.
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