Protocolo de Conduta Clínica - BRUCELOSE BOVINA
Geral

Protocolo de Conduta Clínica - BRUCELOSE BOVINA


Informações Gerais

Tipo de Conteúdo: 
Protocolo - Conduta Clínica
 Categoria: 
Clínica médica de grandes animais
Emergencial: 
Sim
 Espécies: 
Bovinos, Bubalinos


Introdução à Doença / Importância: 
Brucelose bovina é uma zoonose infectocontagiosa com ampla distribuição mundial, causada por bactérias do gênero Brucella, sendo Brucella abortus a principal espécie envolvida (SOLA et al., 2014). Esta enfermidade causa elevados prejuízos econômicos, além de representa um problema grave à saúde pública e sanidade animal. Resultados de estudos conduzidos entre 1988 e 1998 no Brasil, indicam que a prevalência de animais positivos manteve-se entre 4% e 5% no período (BRASIL, 2006).
As bactérias do gênero Brucella pertencem à classe Proteobacteria, são bastonetes Gram-negativos, intracelulares facultativas, imóveis e não esporuladas.Podem apresentar-se em cultivos primários com morfologia colonial lisa ou rugosa. A espécie B. abortus, assim como B. melitensis e B. suis, normalmente apresenta uma morfologia de colônia do tipo lisa (SOLA et al., 2014). Vale ressaltar que embora os bovinos e bubalinos sejam susceptíveis à B. suis e B. melitensis, a espécie mais importante é a B. abortus, responsável pela grande maioria das infecções (BRASIL, 2006).
A principal porta de entrada da brucelose em uma propriedade é a introdução de animais infectados. No animal infectado, o agente é localizado com maior frequência em linfonodos, baço, fígado, aparelho reprodutor masculino, útero e úbere. As vias de eliminação do agente no ambiente são representadas por fluidos e anexos fetais (eliminados no parto ou no abortamento), leite e sêmen (BRASIL, 2006).
De forma geral, a vaca prenhe representa a principal fonte de infecção. Ela é capaz de eliminar grandes quantidades do agente por ocasião do aborto ou parto e em todo o período puerperal (até, aproximadamente, 30 dias após o parto), contaminando pastagens, água, alimentos e fômites. A resistência da Brucella sp. Em algumas condições ambientais estão representadas no quadro abaixo (BRASIL, 2006).

O aborto acontece pois as lesões placentárias apenas atinge parte dos placentomas. Tais lesões inflamatório-necróticas impedem a passagem de nutrientes e oxigênio da mãe para o feto, assim como provocam a infecção maciça do feto por 
B. abortus. O aborto geralmente ocorre em torno do sétimo mês de gestação (período com maior concentração de eritritol no útero da fêmea bovina) (SOLA et al., 2014).A porta de entrada mais importante do agente infeccioso é o trato digestivo, sendo que a infecção se inicia quando um animal suscetível ingere água e alimentos contaminados ou pelo hábito de lamber as crias recém-nascidas. Uma vaca pode adquirir a doença apenas por cheirar fetos abortados, pois a bactéria também pode entrar pelas mucosas do nariz e dos olhos. O período de incubação pode ser de poucas semanas e até mesmo de meses ou anos. Em uma vaca prenhe, quanto mais adiantada a gestação, menor será o período de incubação (BRASIL, 2006).
Fêmeas nascidas de vacas brucélicas podem infectar-se no útero, durante ou logo após o parto. Quando infectadas, essas fêmeas em geral abortam na primeira prenhez, e só apresentam resultados positivos para os testes sorológicos no decorrer da gestação (BRASIL, 2006).
A transmissão pelo coito parece não ser de grande importância entre bovinos e bubalinos. Contudo, um touro infectado não pode ser utilizado como doador de sêmen; pois o sêmen é introduzido diretamente no útero, de forma que ultrapassa as barreiras naturais existentes na vagina, permitindo infecção da fêmea (BRASIL, 2006).
Várias espécies domésticas ou silvestres são suscetíveis à infecção por B. abortus, entretanto, são consideradas como hospedeiros finais da infecção, pois não transmitem o agente novamente aos bovinos (BRASIL, 2006).
Diagnóstico Clínico: 
Nos bovinos e bubalinos, a brucelose acomete, de modo especial, o trato reprodutivo, gerando perdas diretas devido, principalmente, a abortos, baixos índices reprodutivos, aumento do intervalo entre partos, diminuição da produção de leite, morte de bezerros e interrupção de linhagens genéticas. Estimativas mostram ser a brucelose responsável pela diminuição de 25% na produção de leite e de carne e pela redução de 15% na produção de bezerros. Mostram ainda que, em cada cinco vacas infectadas, uma aborta ou torna-se permanentemente estéril (BRASIL, 2006).
Diagnóstico por Exames: 
O diagnóstico da brucelose pode ser feito pela identificação do agente por métodos diretos, ou pela detecção de anticorpos contra B. abortus por métodos indiretos. Os métodos diretos incluem o isolamento e a identificação do agente, imunohistoquímica, e métodos de detecção de ácidos nucleicos, principalmente a reação em cadeia da polimerase (PCR) (SOLA et al., 2014).
Entretanto, no Brasil o PNCEBT definiu os métodos indiretos como provas oficiais de diagnóstico. Os testes de Antígeno Acidificado Tamponado (AAT) e Anel em Leite (TAL) são testes de triagem, podendo ser realizados por Médicos Veterinários Habilitados. Por outro lado, o 2-Mercaptoetanol (2-ME) e Fixação de Complemento (FC) são testes confirmatórios, devendo ser realizado apenas em laboratório oficial credenciado (SOLA et al., 2014).
Tratamento Terapêutico: 
Os métodos de controle da brucelose são bastante simples. O controle apoia-se basicamente em ações de vacinação massal de fêmeas e diagnóstico, sacrifício dos animais positivos e a eliminação das fontes de infecção. Duas vacinas são recomendadas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e estão disponíveis no mercado brasileiro (BRASIL, 2006).
Segundo BRASIL (2006), fêmeas bovinas devem ser vacinadas até 8 meses de idade com vacina B19 e depois, deverão ser marcadas a ferro candente com a letra V, acompanhada do algarismo final do ano da vacinação, no lado esquerdo da cara. Desta forma, elas poderão ser identificadas e irão demonstrar níveis de anticorpos decrescentes depois de 12 meses, evitando reações falso-positivas nos testes indiretos de diagnóstico. Além desta vacina, a OIE também reconhece o uso da vacina RB51(para mais informações, consultar as condições de uso e disponibilidade com a agência de defesa sanitária animal de seu estado).
Referências: 
BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento. Departamento de Saúde Animal, 2006. Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT) – Manual Técnico. Brasília: MAPA / DAS / DSA, 2006, 188p. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/programa%20nacional%20sanidade%20brucelose/Manual%20do%20PNCEBT%20-%20Original.pdf

SOLA MC, FREITAS FA, SENA ELS, MESQUITA AJ. Brucelose Bovina: Revisão. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer. Goiânia, v.10, n.18, p. 687-714, 2014. Disponível em: http://www.conhecer.org.br/enciclop/2014a/AGRARIAS/Brucelose.pdf




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