Da revista CartaCapital:
O senador Delcídio Amaral (PT-MS), preso na manhã desta quarta-feira 25 pela Polícia Federal, é uma figura política controversa e conhecida por seu bom trânsito em diversos partidos. Exemplo disso é o fato de ser conhecido nos bastidores do Senado, como contou recentemente o jornal O Globo, como "o mais tucano dos petistas".
Engenheiro elétrico, Delcídio tem uma carreira ligada ao setor de energia. Foi engenheiro-chefe da construção da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará; trabalhou como diretor da Shell na Holanda; e comandou a Eletrosul, braço da Eletrobrás. No governo de Itamar Franco (1992-1994), foi secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, ministro da pasta e presidente do Conselho de Administração da Vale do Rio Doce.
Filiado ao PSDB de 1998 a 2001, Delcídio foi, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, diretor de Gás e Energia da Petrobras entre 2000 e 2001, quando trabalhou com Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, dois dos delatores da Operação Lava Jato.
Em 2001, ocorreu a aproximação com o PT. Delcídio foi secretário estadual de Infra-estrutura e Habitação do governo de Zeca do PT no Mato Grosso do Sul e, em 2002, elegeu-se senador, já no Partido dos Trabalhadores.
Desde então a influência de Delcídio Amaral no partido só cresceu. Em 2005, Delcídio presidiu a CPI dos Correios, responsável pela apuração do "mensalão". Em 2009, o senador teve outra atuação controversa a favor de um líder do PMDB: votou pelo arquivamento das ações contra o ex-presidente do Senado José Sarney, que na época era relacionado a contratos ilegais e à nomeação de pessoas envolvidas em escândalos de corrupção.
Nas eleições de 2014, Delcídio sofreu sua segunda derrota para o pleito de governador do Mato Grosso do Sul. No ano seguinte, porém, foi escolhido pela presidente Dilma Rousseff como líder do governo no Senado e no Congresso Nacional, cargo que ocupava até esta quarta-feira 25.
A prisão preventiva de Delcídio foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após o Ministério Público Federal apresentar evidências de que ele tentava conturbar as investigações da Operação Lava Jato. Além do senador, também foram presos o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, o advogado Edson Ribeiro, que atuou para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, e o chefe de gabinete de Delcídio Amaral.
Ao longo das investigações, Delcídio foi citado na delação premiada de Cerveró e acusado de participar de um esquema de desvio de recursos envolvendo a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.
Delcídio do Amaral é o primeiro senador preso no exercício do cargo, desde a redemocratização do País. Apesar de o STF já ter autorizado a prisão de Delcídio, o Senado ainda precisa confirmar a prisão do senador, em até 24 horas, pelo voto da maioria de seus membros.
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Quem é André Esteves, o banqueiro preso pela PF
André Esteves, preso nesta quarta-feira 25 pela Polícia Federal, sob acusação de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato ao lado do senador Delcídio do Amaral, é um dos executivos do mercado financeiro mais influentes do Brasil.
Dono de uma fortuna estimada em 2,5 bilhões de dólares, Esteves é o 628º homem mais rico do mundo e 13º do Brasil segundo a revista Forbes. Sua carreira teve início no então banco Pactual, em 1989. Quatro anos depois ele já era sócio do banco e, em 2002, assumiu a presidência da instituição financeira.
Em 2006, Esteves, que detinha cerca de um terço do Pactual, coordenou a venda do banco para o suíço UBS. No ano seguinte, Esteves assumiu a chefia da divisão global de fundos de renda fixa do UBS, mas em 2008 deixou a instituição suíça para fundar a BTG, uma firma de investimentos. Em 2009, anunciou a recompra do Pactual e a fusão das duas companhias, dando origem ao BTG Pactual.
Durante a formação da instituição financeira que comanda, considerada um investimento audacioso e brilhante, Esteves ganhou destaque na imprensa brasileira por seu perfil considerado arrojado. Foi capa de revistas como Época, Exame, Época Negócios e IstoÉ Dinheiro, que em dezembro passado o descreveu como “defensor ferrenho da meritocracia” e o escolheu “empreendedor do ano nas finanças”. Em 2011 e 2012, em eleição organizada por CartaCapital na qual votam empresários brasileiros, figurou na lista de executivos mais admirados do País.
Em 2013, Esteves se viu envolvido em uma polêmica relacionada ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Após o casamento com a ex-modelo Letícia Weber, em outubro daquele ano, o tucano fez sua viagem de lua de mel para Nova York. As passagens aéreas e a reserva de três noites no mundialmente famoso Waldorf Astoria, hotel cinco estrelas da metrópole norte-americana, foram pagas pelo BTG Pactual.
Segundo o jornal O Globo, que noticiou o fato, as passagens e estadia eram cortesia por um convite feito pelo BTG Pactual para Aécio fazer uma palestra nos Estados Unidos.
Também em 2013, Esteves se tornou sócio da Petrobras por meio do BTG, que comprou metade das operações da Petrobras Oil & Gas na África por 1,5 bilhão de dólares.
No início de 2015, Esteves apareceu na Lava Jato, que investiga a estatal petrolífera brasileira. Em sua delação premiada, o doleiro Alberto Youssef disse ter intermediado e pagado propina em um negócio entre a Derivados do Brasil e a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. A Derivados do Brasil teria participação de Esteves, que negou ter contato com Youssef ou ter participado de qualquer irregularidades.
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