Quem traiu Arafat? - CLÓVIS ROSSI
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Quem traiu Arafat? - CLÓVIS ROSSI


FOLHA DE SP - 10/11

Israel é sempre acusado pelo suposto crime, mas, se é culpado, houve uma colaboração palestina


Se correta a conclusão de peritos suíços de que Yasser Arafat foi envenenado, a pergunta seguinte e óbvia é esta: quem o matou?

Israel seria a resposta óbvia, e já foi dada pela Autoridade Palestina, na voz de Tawfiq Tirawi, que era o chefe de inteligência quando Arafat morreu: "Consideramos Israel o primeiro, fundamental e único suspeito do assassinato de Arafat".

Concorda com ele até um judeu, ativista do "Paz Agora", Uri Avnery, que disse à Al Jazeera:

"Ariel Sharon [primeiro-ministro israelense na época da morte de Arafat] não escondia seu desejo e sua intenção de ver-se livre do presidente palestino".

A Sharon supostamente interessava o crime porque com Mahmoud Abbas, o atual presidente da Autoridade Palestina e que era então o segundo na hierarquia palestina, seria mais fácil fazer um acordo favorável aos interesses de Israel.

Não sei se essa interpretação é ou não correta. Mas que ela é disseminada, tanto em Israel como nos territórios palestinos, lá isso é.

Há entretanto outra versão para o crime, se crime de fato houve (os peritos suíços dão 83% de certeza de envenenamento, mas não 100%, o que, aí sim, seria definitivo).

No início do ano, os jornalistas Matt Rees e Matthew Kalman, veteranos correspondentes em Israel, já haviam escrito um livro, sintomaticamente chamado de "O Assassinato de Yasser Arafat", no qual até chegavam a mencionar o polônio agora descoberto como eventual arma do crime.

Rees e Kalman apontavam o dedo não para Israel, mas para o círculo íntimo de Arafat.

Agora que peritos suíços reforçam substancialmente a hipótese de assassinato, Rees volta à carga, em entrevista ao sítio "The Times of Israel": "Essa história do polônio gira em torno de diferentes facções querendo o dinheiro da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) e o legado de Arafat como símbolo político".

À falta de provas de que a atual liderança palestina possa ter responsabilidade no caso, fica, de todo modo, uma observação irrebatível, feita por Mouin Rabbani, analista independente e editor-contribuinte do "Middle East Report":

"É amplamente assumido que, embora a proveniência da toxina fatal seja de Israel, só pode ter sido administrada por mãos palestinas".

Logo, prossegue Mouin Rabbani, "a nova evidência de que ele foi morto levanta questões adicionais sobre o cúmplice palestino que ainda tem que ser apanhado e identificado".

O dedo acusador dos jornalistas Ress e Kalman já é incômodo para as autoridades palestinas, mas pode ser descartado como "mero rumor", como diz o ex-chefe de inteligência Tawfiq Tirawi.

Já o fato de que alguém no entorno de Arafat participou do envenenamento, tenha ele sido concebido ou não por Israel, não pode ser desmentido.

A segurança em torno do então líder palestino era rígida e não havia como algum agente israelense ter acesso a ele sem ser notado.

Logo, a lógica manda dizer que houve um traidor --e ele ainda está solto.




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