Reality (sem) Show:
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- Se eu fosse branco a senhora me adotava? A mulher para. Sobressaltada. Pingo de gente à sua frente. Semi-trajado com uma bermuda vermelha. Magro. Cabelinho pixaim. A primeira reação é puxar a bolsa mais para frente. Junto do corpo. Assalto? Depois acha ridícula a sua reação. Uma criança. Apenas uma criança.

- O que você falou? - não consegue evitar o tom ríspido na voz. Ainda insegura. O olhar em torno. Ninguém a vê ali, naquela situação de risco? Resolvida, apressa o passo. O miúdo acompanha.

- Ei, tia, responde! Se eu fosse branco a senhora me adotaria?

Que situação. Se não bastasse o aborrecimento no trabalho. Agora isso. Um pivete chato, grudado no seu calcanhar.

- Menino, tenho tempo para conversa, não! Que idéia! Quer dinheiro? Toma, aqui tem uns trocados. – Empurra desajeitada, umas duas notas de um real. A mãozinha se abre, acostumada a receber esmolas. Então ele puxa. Deixando as notas caírem no chão. - Não pedi dinheiro, não tia!

- Olha o que você fez! Se não é dinheiro que você quer, me deixa em paz! Puxa a bolsa para mais perto ainda do corpo e segue. Passo firme. Dessa vez menino não a acompanha. Olha as notas no chão. Olha a mulher que se vai. Pega o dinheiro, amassa de qualquer jeito, põe no bolso da calça.

Volta para a praça, onde os outros moleques o esperam. É recebido com uma salva de vaias. Vai pro seu canto. Encolhido debaixo de uma árvore.

- Eu falei pra tu num i lá. - É uma menina. Senta ao seu lado. - Mulhé granfina, Toco. E você com essa pergunta douda. Se adotado! Esquece toco, teu lugar é aqui. Na rua, com a gente.
Ele a olha. Coração pequeno. Lágrimas brotando nos olhos miúdos.

- Sabe Nina, tem hora que num queria ser gente não. Queria ser cachorro.

- Que coisa doida Toco, por que isso?

- Eu aposto que se fosse cachorro, ela me adotava.




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