A Suzana recomendou este trailer incrível do Iluminado, uma releitura total, apelando pra todos os clichês do gênero – só que de outro gênero, talvez do dramalhãozinho com toques cômicos. Puxa, é uma idéia formidável pegar um filme consagrado e vendê-lo como se fosse outro produto. Não que os estúdios já não façam isso normalmente (tipo Bug ser vendido como se fosse terror, não um drama, quase peça filmada – que eu gostei muitíssimo, por sinal). Mas este trailer do Shining prova que basta pegar uma musiquinha adequada, escolher as cenas certas (a da mãe e filho saindo pra brincar no labirinto é demais!), e colocar um narrador falando as besteiras que quiser, e pronto, temos um produto novinho em folha! Pior é que dá vontade de rever o filme mais uma vez, só por causa do trailer.
Não sei se você lembra - eu não, porque era muito jovem – que quando Shining foi lançado, em 1980, foi bombardeado pela crítica. O pessoal detestou a Shelley Duvall (que foi indicada até à Framboesa de Ouro no ano!), atacou o Jack Nicholson por parecer louco desde a primeira cena, disse que o Kubrick não entendia nada de terror... O Stephen King definiu o filme como “um carrão luxuoso sem motor”, e “provou” que o Kubrick não era do ramo porque, segundo o badalado escritor, na cena em que a Shelley finalmente põe os olhos no romance que o marido está escrevendo (“all work and no play make Jack a dull boy”, algo como “só trabalho sem diversão faz de Jack um bobão”), Kubrick corta pra mostrar o Jack se aproximando, o que está totalmente errado. King diz que alguém mais chegado ao terror faria a mão de Jack pegar o ombro da Shelley, assustando a todos. Dica preciosa vinda do carinha que em seguida fez Comboio do Terror (Maximum Overdrive) pra mostrar como é que se adapta uma história dele pro cinema! (e a versão de Shining que ele fez depois, pra TV, é totalmente podre!).
Quanto tempo será que levou pra Shining ser considerado um clássico indiscutível? Alguns anos depois? Dois? Três?