Responder a Putin com a mesma arma da energia - EDITORIAL O GLOBO
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Responder a Putin com a mesma arma da energia - EDITORIAL O GLOBO


O GLOBO - 09/03

Pode-se esperar nos próximos anos sensível queda do poder de pressão da Rússia como fornecedora de gás, a partir do aumento exponencial da produção nos EUA



A Rússia realiza manobras militares em áreas próximas à fronteira com a Ucrânia, tem na Crimeia sua base naval no Mar Negro e já enviou à península cerca de 30 mil homens disfarçados de ?grupos de autodefesa?. Mas a arma de Moscou mais temida na Ucrânia e na Europa é o gás. Felizmente, não o gás de armas químicas, mas o gás que produz energia, movimenta turbinas, faz funcionar indústrias e aciona aquecedores no inverno. A matriz energética da Ucrânia depende em 60% do gás russo. A da Europa Ocidental, em 40%. Isto dá ao presidente Putin enorme poder de barganha na atual crise.

E o Kremlin já se valeu dessa arma econômica. Em 2009, a Rússia cortou o suprimento à Ucrânia devido a contas não pagas, e a Europa também foi punida, pois teve seu fornecimento reduzido durante inverno rigoroso. Cerca de 53% do gás que Moscou envia à Europa passam pelo território ucraniano. Agora, a estatal russa Gazprom fez uma velada advertência a Kiev de que poderia suspender novamente o fornecimento por falta de pagamento. A Ucrânia está em situação financeira calamitosa.

Mas o poder de barganha de Putin em relação à arma econômica poderá ser abalado no futuro. Planejadores do governo americano trabalham para transformar numa poderosa ferramenta de dissuasão a recente bonança conseguida pelo país com a viabilidade da produção a partir de vastas reservas de gás não convencional. Embora a Rússia continue sendo a maior exportadora mundial de gás, os EUA ultrapassaram-na como maiores produtores devido ao avanço da tecnologia da ?fratura hidráulica?, usada para retirar gás das rochas do subsolo.

Os EUA ainda não exportam esse gás. Mas, segundo o ?New York Times?, o Departamento de Energia já começou a emitir permissões para companhias americanas iniciarem exportações em 2015. E aprovou seis dos 21 pedidos de empresas para construção de portos para envio ao exterior de GLP via navios-tanque.

O Departamento de Estado trabalha para usar a nova vantagem comparativa como mais uma ferramenta de política externa. Em fins de 2011, a então secretária de Estado Hillary Clinton criou o Escritório de Recursos Energéticos. Embora a entrada do gás americano no mercado internacional não seja para já, o Escritório trabalha para reduzir a dependência da Ucrânia e de países europeus do gás russo, em parceria com a iniciativa privada. Gigantes energéticos, como Halliburton e Shell, já aderiram. A primeira usa a técnica de fratura hidráulica para extrair gás na Polônia, e a segunda firmou contrato para explorar gás natural na Ucrânia.

Pode-se esperar para os próximos anos, então, uma sensível redução do poder de pressão da Rússia sobre ex-repúblicas soviéticas e sobre a Europa com base no uso da energia como arma política. Será um troco histórico.




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