Restrições urbanas - EDITORIAL FOLHA DE SP
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Restrições urbanas - EDITORIAL FOLHA DE SP


FOLHA DE SP - 22/07


Pedágio em vias da cidade conta com alta rejeição entre paulistanos; embora não resolva todos os problemas, é opção que deve ser discutida


Implantado em 1997, o rodízio de veículos em São Paulo sempre contou com maciço apoio dos moradores da cidade. Nas diversas pesquisas sobre o tema, cerca de 80% dos paulistanos têm manifestado simpatia pela medida. Iniciativas mais restritivas, porém, geram doses menores de boa vontade.

Em levantamento do Datafolha realizado na semana passada, 49% dos entrevistados declararam-se a favor de ampliar a duração do período em que é proibido circular com o carro --hoje a limitação aplica-se ao horário de pico. Outros 45% disseram ser contra a ideia.

A sugestão de a restrição valer para dois dias da semana, e não somente para um, nos moldes atuais, tem a aprovação de 45% dos paulistanos, mas 48% a rejeitam.

Em junho, 61% dos entrevistados concordavam com a extensão da área do rodízio, atualmente circunscrito ao centro expandido.

As três propostas têm ao menos dois pontos em comum. De um lado, as dificuldades que criam podem, de uma maneira ou de outra, ser contornadas por boa parte dos cidadãos. De outro, são fadadas a perder efeito no longo prazo: não impedem o crescimento da frota nas ruas nem elevam a velocidade média do trânsito, hoje em patamar inferior ao de 1997.

Daí não decorre que tais sugestões devam ser sumariamente descartadas; e, se forem levadas adiante, precisariam passar pelos devidos testes. De todo modo, o alcance limitado dessas ações põe em primeiro plano a necessidade de adotar restrições menos efêmeras, ainda que mais impopulares.

Inscreve-se nessa categoria o pedágio urbano. Segundo o Datafolha, 76% dos paulistanos recusam o sistema em que o motorista deve pagar uma taxa para circular em determinadas regiões da metrópole, como o centro expandido.

A experiência internacional, todavia, sugere que a iniciativa traz bons resultados. Londres, por exemplo, aderiu ao modelo em 2003, a despeito da resistência da população local.

Dez anos depois, as autoridades comemoravam a redução média de 13% na circulação de carros em toda a cidade; no centro, a queda foi de 21% em relação aos anos anteriores à vigência da medida.

Com os recursos angariados pela cobrança, a cidade investe em seu transporte público --opção indispensável para aqueles que não desejam tirar seus automóveis da garagem. Desde a implantação do pedágio, houve aumento de quase 60% no uso do ônibus e de 42% nas viagens de metrô.

O sistema público de transporte de São Paulo não se compara ao londrino, sem dúvida; o pedágio urbano tampouco resolverá todos os problemas do trânsito paulistano. A cidade, contudo, só tem a perder se a prefeitura continuar adiando um debate que se torna a cada ano mais atrasado.




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