Geral
Sabedoria chinesa - KÁTIA ABREU
FOLHA DE SP - 16/11
Deveríamos olhar para as Zonas Econômicas Especiais; não custa nada aprender com os chineses
Terminou, no dia 12, a terceira sessão plenária do 18º Comitê Central do Partido Comunista. Houve a aprovação de um novo e amplo programa de reformas. Entre elas, a flexibilização na política do filho único, com o objetivo de aumentar, a longo prazo, a força de trabalho.
Para manter o crescimento econômico, a China calcula ser necessário alcançar uma população de 1,5 bilhão de habitantes em 2030.
Outra medida de impacto é a flexibilização da venda de terras rurais, permitindo que a população do campo migre para outras cidades do país.
Uma avaliação preliminar das medidas que vão sendo conhecidas indica um aprofundamento da estratégia de reforma e de abertura desenhada por Deng Xiaoping em 1978, durante outra reunião dos líderes do Partido Comunista chinês. Nesse modelo desenvolvimentista, as ZEEs (Zonas Econômicas Especiais) tinham um papel central para o início da abertura da economia do país.
Na China, liderando uma missão de empresários do agronegócio nos últimos dez dias, tive a oportunidade de visitar mais uma vez a Suzhou Industrial Park, uma ZEE com impressionantes 8.000 empresas estrangeiras e 10 mil chinesas, que faturou US$ 30 bilhões em 2012.
Após 35 anos em que as primeiras zonas especiais foram instaladas, no litoral oriental da China, elas continuam a ser um importante instrumento para a modernização da atual economia do país asiático. Atraíram capital externo --principalmente de japoneses e de norte-americanos-- e foram decisivas para o desenvolvimento do parque industrial chinês.
Os objetivos desses megaempreendimentos são relevantes. Apesar da forte participação do Estado, permitem a gradativa abertura do mercado para empresas internacionais. Nelas, vigoram a economia de mercado e um modelo vencedor de parceria público-privada. A prova do sucesso é que elas chegam a crescer três vezes mais do que a própria China.
Além disso, criam um espaço delimitado em que o governo pode testar novos modelos econômicos. Se aprovados, esses experimentos transformam-se em políticas públicas regionais ou nacionais. A delimitação geográfica permite que as autoridades chinesas avaliem reformas com menor exposição a riscos e a resistências socioeconômicas.
A abertura da economia chinesa para o mercado internacional é um dos elementos centrais das ZEEs, que, entre outros benefícios, incentivam a atração do investimento direto estrangeiro e facilitam a incorporação de tecnologias e de novas formas de gestão.
Promovem, ainda, a integração das cadeias produtivas e contribuem para a geração dos saldos comerciais de que a China necessita para assegurar o desenvolvimento da indústria e dos serviços internos.
Há, também, redução de procedimentos burocráticos, liberalização de restrições aos fluxos de capital e flexibilização de normas tributárias e fiscais. Essas medidas tornam as ZEEs um espaço econômico mais favorável e atrativo para empresários e empreendedores.
O modelo é flexível, podendo promover objetivos específicos, tais como zonas de processamento focadas em exportações, a formação de parques tecnológicos e a implementação de políticas ambientais por meio da criação de reservas ecológicas.
As ZEEs funcionam, também, como um polo de integração logística. Ao maximizar a utilização da infraestrutura de comunicação e de transporte, a concentração de empresas e a internalização dos processos alfandegários reduzem os custos de transações das firmas.
Ao associarem países a empresas, essas zonas especiais são um laboratório para iniciativas de cooperação internacional. Estruturadas por meio de regras claras, podem ser um poderoso instrumento de modernização econômica também para o Brasil.
Embora o ambiente sociopolítico da China seja diferente, deveríamos olhar, com atenção, para essa experiência adotada por Pequim e considerarmos a possibilidade de criar zonas experimentais no Brasil, com a colaboração de países que vêm utilizando esse modelo de sucesso. Não custa nada aprender com os chineses.
-
A Visita De Li Keqiang Ao Brasil - Sergio Amaral
O ESTADÃO - 15/05 Em julho de 2014, o presidente da China, Xi Jinping, visitou o Brasil, acompanhado por uma delegação de vários ministros e mais de 200 empresários. Menos de um ano depois, será a vez do seu primeiro-ministro, Li Keqiang, desembarcar...
-
O Gato Que Caça O Rato - Henrique Meirelles
FOLHA DE SP - 18/05 Na crise de 2008, a China não teve problemas de crédito como muitos países. Seu problema, gravíssimo, foi comercial. O motor da economia chinesa eram as exportações para os EUA e para a Europa ocidental, e sua redução levou...
-
Pragmatismo Chinês - Editorial Folha De Sp
FOLHA DE SP - 16/11 Misturar iniciativas públicas e incentivos ao setor privado é receita da China para estimular desenvolvimento acelerado da economia Envolta em segredos e sem participação da imprensa, a terceira plenária do 18° Comitê Central...
-
Lição Chinesa Para Crescer - Henrique Meirelles
FOLHA DE SP - 02/06 O crescimento do PIB brasileiro de 0,6% decepcionou analistas, empresários e trabalhadores. No momento em que discutimos o que fazer para crescer mais, é interessante olhar outros países. Exemplo importante é o da China, onde a...
-
As Contradições Do Capitalismo Atual
Por Wladimir Pomar, no Correio da Cidadania: Uma das dificuldades na discussão sobre o desenvolvimento econômico e social brasileiro, tendo por base uma indústria de cadeias produtivas adensadas, consiste em entender as contradições do capitalismo...
Geral