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Sem alterações - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 13/10
A primeira pesquisa de opinião depois do anúncio da união entre a ex-senadora Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, divulgada ontem pelo Datafolha, tem boas notícias para a presidente Dilma, que continua amplamente favorita, e, além de tudo, viu que a união dos dois adversários não produziu resultados eleitorais até o momento.
Há boas notícias para Marina, também, que confirma a posição de mais forte adversária à reeleição da presidente, podendo ir ao segundo turno nos dois cenários em que aparece como candidata.
Além disso, ela é a candidata da oposição que dá mais dificuldades à presidente Dilma num eventual segundo turno, embora a presidente vença em todos os cenários.
A pesquisa mostra, porém, que Marina não transfere todos os seus votos para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Eles vão, igualmente, para a presidente Dilma e para o candidato oposicionista Aécio Neves, no único cenário em que Dilma é eleita no primeiro turno.
Também o ex-governador de São Paulo José Serra ganha fôlego na tentativa de ser mais uma vez candidato a presidente pelo PSDB, pois aparece em segundo lugar num cenário em que o governador de Pernambuco é o candidato do PSB.
Em confronto com Marina, tanto Serra quanto Aécio Neves, o provável candidato tucano, perdem. O melhor cenário para Serra é o em que ele enfrenta Dilma e Campos, levando a eleição para o segundo turno, o que Aécio não consegue em nenhum dos cenários.
O melhor cenário para a presidente Dilma é o atual, em que Eduardo Campos e Aécio Neves são os candidatos da oposição. Este é o único caso em que a presidente seria reeleita no primeiro turno. É o único cenário também em que o tucano Aécio Neves chega em segundo lugar, o que não vale muito para o partido, pois não estaria no segundo turno pela primeira vez nos últimos anos.
Claro que muita coisa acontecerá ainda até junho, prazo final para as convenções partidárias escolherem seus candidatos, mas a notícia mais importante é a comprovação de que a ex-senadora Marina Silva continua sendo a principal candidata da oposição, mesmo depois da manobra política que fez.
É sinal de que ela manteve seus apoiadores, mesmo aqueles que são contrários à união com o PSB ou, no limite, à sua inserção na política tradicional para disputar a Presidência.
A união com Campos, no entanto, não teve muita utilidade para Marina, além de dar-lhe legenda para concorrer à Presidência da República, única razão visível, aliás, para que ela se filiasse ao PSB.
Quem tem menos a comemorar na pesquisa é o tucano Aécio Neves, mas na disputa interna com Serra ele tem bons argumentos para prever crescimento durante a campanha. Serra é o candidato mais rejeitado, e também o mais conhecido da oposição, Aécio só é mais conhecido que Campos: 78% dizem que o conhecem, mas apenas 17% o conhecem "muito bem".
Para se ter uma ideia
de comparação, Serra é conhecido por 97% dos entrevistados, sendo que 40% dizem conhecê-lo "muito bem". Em compensação, Aécio só é menos rejeitado do que Marina, que tem o menor índice de rejeição e é conhecida por 88% dos eleitores.
A única vantagem do governador de Pernambuco que surge desta pesquisa é que ele é o menos conhecido de todos os candidatos e, portanto, tem teoricamente mais possibilidade de crescer à medida que for conhecido nacionalmente.
A situação do momento mostrada pela pesquisa tranquiliza a presidente Dilma, que manteve o favoritismo depois do primeiro grande lance político da campanha eleitoral antecipada, e confirma que a ex-senadora Marina Silva tem condições de confrontá-la se conseguir crescer durante a campanha eleitoral.
Para isso, poderá ter uma estrutura partidária razoável com o PSB, o que lhe daria mais musculatura do que em 2010, quando concorreu pelo Partido Verde e teve tão pouco tempo de TV quanto terá desta vez.
O aumento do tempo de TV é diretamente ligado às parcerias que poderão ser feitas para a campanha eleitoral, mas as restrições que o Rede Sustentabilidade faz, como aos representantes do agronegócio, limitam as coligações, que seriam mais amplas se Eduardo Campos estivesse na disputa sozinho.
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