Por Altamiro BorgesSerá ironia? O jornalista Ilimar Franco publicou nesta semana na sua coluna no jornal O Globo:
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“Diante da rejeição do ex-governador José Serra nas eleições para a prefeitura de São Paulo, conforme o Datafolha, alguns de seus aliados avaliam que ele deveria considerar concorrer a vereador na capital paulista. Citam como exemplo decisão do ex-prefeito do Rio Cesar Maia. E os casos do ex-senador Arthur Virgílio e do ex-deputado Fernando Gabeira, que estão avaliando recomeçarem como vereadores em Manaus e no Rio”.*****
Provocação ou possibilidade?É certo que a comparação com o demo Cesar Maia, o tucano-valentão Arthur Virgilio e o verde-travestido Fernando Gabeira deve incomodar o todo-poderoso Serra. Junto com outros direitistas famosos, como Tasso Jereissati (CE), Marco Maciel (PE) e Heráclito Fortes (PI), eles foram varridos pela onda lulista nas eleições do ano passado e hoje estão no ostracismo.
Já o ex-presidenciável tucano não sai dos jornalões e é cotado para uma nova – a terceira – disputa sucessória. Também é cortejado pelo maroto Aécio Neves para disputar a prefeitura da capital paulista. Diz ainda gozar de certo poder no ninho tucano, mantém estranhos laços com ricos empresários e possui prestígio entre os barões da mídia. Candidato a vereador? Só pode ser provocação!
Sonho presidencial mais distanteMas não é! Como a própria imprensa constatou nos bastidores do congresso da Juventude do PSDB, neste final de semana, José Serra está cada vez mais isolado no partido. O senador mineiro já seduziu até os “tucaninhos” para o seu projeto presidencial. Na cúpula do partido, o ex-governador virou figura decorativa e é rejeitado por seus pares. Não tem qualquer posto de comando real.
A cada dia, o seu sonho de disputar novamente a Presidência da República fica mais distante. Poucos tucanos ainda acreditam nas suas chances! Na maioria dos estados, Serra já virou carta fora do baralho. As direções estaduais da legenda evitam convidá-lo para qualquer solenidade. Até FHC, o chefão dos tucanos, já andou dizendo que agora é a vez do senador mineiro.
Isolamento em São PauloJá em São Paulo, Serra sofre a vingança maligna de Geraldo Alckmin. Traído na disputa da prefeitura da capital em 2008, quando Serra rifou o PSDB e apoiou o ex-demo Gilberto Kassab, o governador dá o troco. Não sobrou nem casinha de cachorro no Palácio dos Bandeirantes. Para piorar, seu fiel aliado, Kassab, abandonou o DEM e criou o PSD, complicando a dobradinha demotucana.
Nas últimas semanas, outras três péssimas notícias para Serra. A pesquisa Datafolha confirmou que a sua rejeição é recorde entre os paulistanos – 35%. Os outros quatro pré-candidatos do PSDB (Bruno Covas, José Aníbal, Andrea Matarazzo e Ricardo Trípoli), mesmo frágeis, agora dizem que não se curvam diante de Serra. O espaço encurtou para ele na briga pela prefeitura da capital.
Corrupção e a bomba do AmauryDias antes, seu ex-subchefe da Casa Civil no governo paulista e um dos coordenadores de finanças da sua campanha presidencial, João Faustino, suplente do senador demo Agripino Maia, foi preso, acusado de comandar uma quadrilha que fraudou a inspeção veicular no Rio Grande do Norte. A mídia, sempre tão seletiva, abafou o escândalo, mas ele ainda vai dar muita dor de cabeça.
Por último, a pior das bombas. Tão aguardado, saiu o livro “A privataria tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro, com inúmeras e documentadas provas de corrupção contra José Serra – sua filha, seu cunhado, seu primo, seu tesoureiro e outros amiguinhos. A obra desnorteou o ex-todo-poderoso. Ele só conseguiu balbuciar que o livro é “um lixo”, como que confessando as suas sujeiras.
Como se observa, a coisa está feia para Serra. Talvez só sobre mesmo uma vaguinha de vereador, como especulou Ilimar Franco.
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