Por Altamiro BorgesCom base nas denúncias do Fantástico da TV Globo, o exibicionista Álvaro Dias – que parece querer ocupar o posto de “senador ético” depois da tragédia que abalou o seu amigo demo Demóstenes Torres – decidiu coletar assinaturas para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a suposta corrupção no Ministério da Saúde. Será que ele consultou José Serra?
A iniciativa do senador tucano pode causar insônias ao eterno candidato. Por um lado, porque uma das firmas denunciadas pelo Fantástico, a Toesa, iniciou seu meteórico crescimento na gestão de José Serra no Ministério da Saúde, durante o governo FHC. Quando foi eleito prefeito, Serra também contratou a empresa, que inclusive montou uma filial na capital paulista.
Chacoalhada na base governistaAlém disso, o assanhamento da oposição de direita pode dar uma chacoalhada no governo e nos parlamentares da sua base que ainda resistem à proposta de criação da CPI da privataria tucana, protocolada pelo deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). As crises políticas às vezes ajudam a superar o pragmatismo exacerbado e acovardado que impera no mundo institucional.
A criação desta CPI abateria os tucanos metidos a éticos. Além de desnudar os crimes cometidos no processo de privatização das estatais, durante o reinado de FHC, ela colocaria no banco de réus inúmeros privatas, a começar de Serra, sua filha, seu genro e ex-tesoureiro de campanha. O livro de Amaury Ribeiro, “A privataria tucana”, é uma fonte inesgotável de documentos e provas.
Tentativa de postergar a instalação Não é para menos que Serra, agora candidato ao “enterro” da prefeitura paulistana, tem feito de tudo para sabotar a sua criação. Segundo Protógenes Queiroz, a comissão virou “moeda de troca” entre parlamentares governistas e oposicionistas. Em entrevista exclusiva ao jornal Correio do Brasil, o deputado afirmou que existe “uma ação pesada para postergar a CPI”.
Apesar dos obstáculos, Protógenes está otimista. “Agora é inexorável. A CPI já foi instalada. Não tem mais como voltar atrás. O que se discute são os nomes dos integrantes, mas há uma pressão muito grande, por parte de setores conservadores na Casa, na oposição e em parte do PMDB, para que os trabalhos comecem mesmo somente depois das eleições”.
Pressão urgente da sociedadeO Correio do Brasil ouviu um “renomado líder tucano, que prefere falar em condição de anonimato”, sobre a manobra em curso. “Sem dúvida, um setor do partido tem trabalhado incansavelmente para adiar a instalação da CPI. Se os trabalhos começarem antes das eleições, a campanha de Serra corre o sério risco de ir direto ‘para o vinagre’”.
Para Protógenes, o fundamental agora é intensificar a pressão da sociedade. “Vamos começar a recolher o apoio, por todo o país, dos eleitores que querem ver o Brasil passado a limpo. Em São Paulo, teremos pontos de recolhimento de assinaturas. O mesmo movimento se repetirá no Rio de Janeiro e nas principais capitais do país. O momento agora é de mobilização popular”.
A iniciativa do senador tucano Álvaro Dias pode, de forma indireta, contribuir com esta mobilização. Ela embaralha a manobra da “moeda de troca” e confirma a urgência de se desmascarar o falso moralismo da oposição demotucana e da sua mídia. A conferir!
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