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Sinais de esgotamento - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 09/02
Das ruas congestionadas aos trens lotados, passando pelos apagões e pela burocracia portuária, acumulam-se os problemas de infraestrutura
A superlotação dos transportes públicos e os congestionamentos nas cidades grandes evidenciam, de modo cotidiano, o esgotamento da infraestrutura.
Não é de agora que a escassez de obras e serviços públicos atormenta o dia a dia do cidadão. Tal carência manifestou-se de modo dramático, por exemplo, no racionamento de energia de 2001. Nos anos recentes, porém, a evidência da penúria torna-se rotineira.
A multidão que cobre todos os espaços da estação Sé, crucial para o metrô paulistano, ou as filas de 30 km de caminhões no porto de Santos (como em 2013) atestam que o país não produziu as obras e os serviços para que pudesse funcionar sem tumultos, para nem dizer de modo eficiente.
Os exemplos não param de se acumular. Houve o caso simbólico das usinas eólicas do Nordeste, que ficaram sem uso porque estatais não deram conta de construir as linhas de transmissão de eletricidade. Há, agora, Belo Monte, cujas linhas ficarão prontas depois de concluída a hidrelétrica, essencial para o abastecimento do país.
Não falta energia elétrica, ao menos por ora. Mas as obras de melhorias do setor, da segunda metade da década passada, estão à beira de não suprir a demanda.
O preço da energia no mercado livre chegou a um recorde neste verão. O consumo excessivo e a falta de chuvas exigem o recurso às usinas térmicas, mais caras.
Tal azar climático, por assim dizer, expõe a inépcia oficial. O governo temporariamente subsidia custos extras das distribuidoras, distorcendo o sistema de preços ao limitar o reajuste de tarifas --o que estimula o consumo de um bem escasso e eleva o deficit público.
Tamanho ativismo não se repete, porém, nas ações que poderiam desembaraçar obras capazes de resolver o problema. Faltam capacidade administrativa e recursos, pois as despesas do governo crescem a um ritmo maior do que o de sua arrecadação.
O preço do frete de caminhões que transportam os alimentos produzidos no Centro-Oeste subiu de modo relevante, devido ao reajuste do diesel e a contratos de trabalho mais decentes para os motoristas --medidas inevitáveis. Fica uma questão, contudo: por que ainda se transportam cargas tais como grãos em caminhões? A resposta é conhecida. Ferrovias importantes para a integração nacional ficam até décadas em construção, quando saem do papel.
Cidadãos e empresas percebem, de forma cada vez mais frequente, o resultado de anos de incúria administrativa, agravada por um programa econômico desequilibrado, com o foco no consumo. E não há sinais de melhoras no curto prazo.
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