Existem cerca de 500 versões de medicamentos piratas em circulação, segundo o documento da OMS. Entre os principais produtos falsificados vendidos no País, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estão os hormônios anabolizantes, os medicamentos para disfunção erétil e os remédios para emagrecer. Mas também circulam fármacos falsos para o coração, hipertensão, malária e antibióticos. A PF explica que a entrada aqui pode se dar de duas formas. A primeira é o contrabando de remédios prontos para o consumo, que chegam pelo Paraguai e são entregues pelos Correios. Um técnico da Anvisa ouvido por ISTOÉ admitiu que os Correios são a porta de entrada e saída do comércio de medicamentos ilegais no Brasil. Segundo o funcionário, o sistema de triagem, principalmente, nas agências terceirizadas, é inoperante. Procurados, os Correios não quiseram falar sobre o assunto.
Outra estratégia é a venda direta da matéria-prima para a fabricação dos produtos nos laboratórios clandestinos. Esses materiais chegam da China e da Índia e desembarcam no Aeroporto de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. ?Muitos são fabricados em locais clandestinos, sem nenhum controle higiênico e, principalmente, sem o principio ativo na dose certa?, afirma o delegado da Polícia Federal André Kodkaoglanian. Anthony Wong explica que o medicamento falsificado pode ser tóxico, não conter a substancia ativa ou não ser fabricado com as regras necessárias. ?Alguns remédios contêm apenas a cota mínima do medicamento. Se for de quantidade inferior, não faz efeito. Se for de má qualidade, pode até matar?, afirma Wong.
MÁFIA
Apreensão de medicamentos ilegais pela Polícia Federal: fiscalização falhaEssa indústria da fraude começa a ser atacada no Brasil. Com atraso de três anos, deve ser promulgada em dezembro a lei que obriga a rastreabilidade dos remédios. A primeira etapa da legislação (RDC 54/2013) prevê a implantação nos próximos três meses de um sistema de acompanhamento digital do caminho que os remédios fazem desde a fabricação até o consumidor final. ?Hoje, o controle é completamente falho e sujeito a fraudes?, diz Alejandra Saavedra, do Conselho Federal de Farmácia (CFF). ?Investimos mais de R$ 300 milhões em equipamentos para atender à lei. Faltam apenas pequenos detalhes normativos?, diz o representante da Interfarma, Marcelo Liebhardt, que representa as maiores empresas do setor de produção de remédios. De acordo com a legislação, o consumidor final de remédios saberá por meio de um código de barras impresso nas caixas dos produtos farmacêuticos a procedência de todos os medicamentos sujeitos ao registro na Anvisa, inclusive amostras grátis.
Colaborou Raul Montenegro
fonte:http://www.istoe.com.br/reportagens/437819_O+BRASIL+NA+ROTA+DOS+REMEDIOS+FALSIFICADOS?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage