Sobre a fragilidade - CELSO MING
Geral

Sobre a fragilidade - CELSO MING


O ESTADO DE S. PAULO - 22/02

O governo Dilma nem sempre é coerente nos seus diagnósticos e, até mesmo nas justificativas, às vezes, se enreda em contradições.

Depois de passar meses avisando que a ação dos grandes bancos centrais vinha produzindo estragos na economia - o argumento da guerra cambial provinha disso -, o ministro Guido Mantega tenta convencer o público e as autoridades estrangeiras de que o Brasil não está vulnerável aos vaivéns da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).

A percepção corrente no exterior é a de que os países emergentes estão fazendo água. O Brasil, que encabeçava a sigla Brics (Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul), dos países mais promissores, passou a integrar a lista dos "cinco mais frágeis" (Brasil, índia, África do Sul, Indonésia e Turquia).

Há li dias, foi a vez de o Fed repassar documento oficial ao Congresso dos Estados Unidos em que ficou dito que o Brasil é, entre as economias emergentes, a segunda mais vulnerável. O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu quarta-feira que os emergentes estão mesmo a perigo.

E este é um dos temas centrais nos debates no Grupo dos 20 (G-20) que termina hoje em Sydney, na Austrália. Os países emergentes querem que o impacto sobre a economia deles seja levado em conta pelos grandes bancos centrais quando despejam ou retiram moeda do mercado. Ontem, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jacob Lew, foi além

e avisou que os emergentes estão vulneráveis não por culpa nem do Fed nem do governo dos Estados Unidos, mas por imprevidência e má condução da política econômica dos próprios emergentes. Que ponham ordem na casa e executem as reformas para melhorar o funcionamento dos seus sistemas imunológicos e deixar de afugentar os investidores. O secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Guria, fez intervenções na mesma direção.

O ministro Mantega agora tenta reverter essa impressão de que o Brasil não aguenta o tranco. Tem repetido que a economia está preparada porque tem reservas de US$ 376 bilhões e dívida pública sob controle, começou a puxar os juros para cima antes dos outros emergentes, em abril de 2013, e está apertando a política fiscal.

No entanto, nas explicações que dá para o baixo crescimento econômico, para a inflação de quase 6% ao ano e para o rombo nas contas externas (veja, a propósito, o Confira), Mantega insiste em que é a resposta à crise dos países ricos que provoca volatilidades demais e prejudica os emergentes.

O que conta é que nem os Estados Unidos, nem a União Europeia, nem mesmo a China mudarão o curso de suas políticas apenas porque os emergentes não gostam de bombear água para fora dos porões dos seus navios.

A única opção é fortalecer os navios, procedimento de que a presidente Dilma não parece convencida, seja porque não gosta de reformas e de austeridade, seja porque continua aferrada à ideia de que a economia brasileira não tem fragilidades.

CONFIRA
Aí está a evolução do rombo das contas externas (Transações Correntes do Balanço de Pagamentos). Em 12 meses, já é de 3,67% do PIB. A entrada liquida de Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs) em janeiro só cobriu metade do rombo mensal, recorde histórico, de US$ 11,6 bilhões. No período de 12 meses terminado em janeiro, o IED equivaleu a 2,94% do PIB.

Vai melhorar? As autoridades do Banco Central esperam que o desempenho das exportações melhore com a desvalorização do real e melhore esse resultado. É esperar para ver.




- Novo Ranking Traz Brasil Entre Países Mais Vulneráveis
O Brasil aparece no topo de novos rankings criados pelo Instituto Internacional de Finanças (IIF, na sigla em inglês), formado pelos maiores bancos do mundo, para identificar os países mais vulneráveis entre os emergentes. No levantamento entre os...

- O Brasil Será A Tailândia Do Século Xxi? - JosÉ Milton Dallari
O GLOBO - 24/02 O problema é que, por enquanto, Brasília não se mexe para promover um choque de confiança no setor privado Dezessete anos depois de a Tailândia iniciar a chamada crise dos Tigres Asiáticos, os países emergentes voltam a ficar na...

- Os 'frágeis' Na Berlinda - Eliane CantanhÊde
FOLHA DE SP - 20/02 SYDNEY - É uma pena, por vários motivos, que Guido Mantega tenha desistido de vir a Sydney, na Austrália, para a reunião de ministros da Fazenda e de presidentes de bancos centrais do G20, grupo das maiores economias do planeta....

- Ligaram O Aspirador - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 30/01 Em apenas 15 dias, o ambiente global, que era relativamente favorável, virou contra a economia dos emergentes. Ainda na metade de janeiro, o Ministério da Fazenda e o Banco Central (BC) comemoravam a facilidade com que empresas...

- Turbulência Cambial - Celso Ming
O ESTADÃO - 16/06 Ao longo da semana passada, as cotações do câmbio enfrentaram uma volatilidade como há muito tempo não se via, apesar dos 4 leilões de compra no câmbio futuro (swap cambial) realizados pelo Banco Central. Desta vez, a deterioração...



Geral








.