Geral
Somos todos escritores - MARTHA MEDEIROS
ZERO HORA - 23/02
Através do artigo de Antônio Goulart, Literatura Enganosa?, publicado na Zero Hora de 08/02, fiquei sabendo de uma opinião que o escritor norte-americano Ben Greenman tem alardeado: a de que a literatura de ficção não deveria se basear em fatos reais, sob pena de estar enganando o leitor. Segundo ele, ficção é uma prosa que trata sobre eventos e pessoas imaginárias, e fim de papo. Greenman resolveu processar escritores e editoras que não cumprem essa definição básica.
Só pode ser brincadeira. Em tudo ? e em todos ? há uma porcentagem de invenção. Inventamos não só o nosso amor, mas inclusive a nossa dor. Somos seres perplexos tentando encontrar nosso lugar no universo e procurando viver de um jeito civilizado e sensato, o que exige alguma elaboração intelectual. Usar apenas o instinto nos conduziria à selvageria. Temos que nos narrar ? para os outros e para nós mesmos ? a fim de sermos compreendidos. Quando eu conto algo que aconteceu comigo para uma amiga, estou criando uma história, é a minha versão daquele fato, é a maneira que encontrei de expressar o que vivi. Tivesse acontecido a mesmíssima coisa com outra pessoa, seria contada de forma e intensidade diferentes.
Somos todos escritores, só que uns escrevem e outros não, já dizia José Saramago.
Assim como pessoas reais podem experimentar emoções fantasiosas, o inverso se dá na literatura: tudo o que parece inventado flerta com a verdade. É ingenuidade acreditar que um personagem de romance possa ser totalmente fictício, sem considerar a bagagem psicológica de quem o criou, sem levar em conta a pulsão interna que estimulou o escritor a dedicar-se dias, meses ou até anos àquele projeto. Ele não está escrevendo sobre ele mesmo em sentido literal, seus personagens não são autobiográficos por definição, mas é claro que quem escreve se revela de alguma forma, velada ou nem tanto.
?Madame Bovary sou eu?, dizia Flaubert. Então não era ficção? Ora.
Em defesa de Ben Greenman, reconheço que os livros andam bastante umbilicais, reflexo de um mundo voltado para o próprio ego. Nenhum crime nisso. Dramas intimistas possuem o mesmo valor artístico das aventuras de suspense, das sagas épicas, das ficções científicas, independentemente de serem inspirados por algo que aconteceu. O leitor não deve se preocupar com essa ligação, e sim entregar-se ao livro sem dar a mínima para o escritor.
O que interessa é se o livro é bom ou ruim. O conteúdo fala por si. O escritor é apenas um ser obscuro que dá entrevistas para divulgar seu ofício, mas sua vida privada não importa nada. O que importa é o resultado de suas fantasias, sejam elas totalmente inventadas ou inventadas mais ou menos ou descaradamente inspiradas no que ele pensa que foi real.
-
O Tornado De Taquarituba - Tony Bellotto
O GLOBO - 29/09 Poucos tiveram a sorte de viver em Paris, mas todos, onde quer que estejamos, carregamos cidades dentro de nós Paris é uma festa Na abertura de ?Paris é uma festa?, último livro escrito por Ernest Hemingway e somente publicado depois...
-
Trocas íntimas Entre Estranhos - Martha Medeiros
ZERO HORA - 08/09 Alguns poucos leitores às vezes me confundem com conselheira sentimental e me revelam seus conflitos internos, acreditando que eu possa apontar um caminho para que eles vivam melhor. Logo eu! Escrevo sobre assuntos que me interessam...
-
Café Com Letras Sesc Caixeiral
Divulgar um dos mais importantes prêmios literatura brasileira. Com este intuito o Sesc realizará o Café com Letras neste sábado (30), a partir das 19h no Café Concerto no Sesc Caixeiral, em Parnaíba. O evento é aberto ao público e terá vasta...
-
Confie Em Mim De Harlan Coben
Uma dica da Camila Monteiro do blog Vida Complicada. Sem dúvidas alguma esse escritor veio para abalar as estruturas da literatura americana. Já escreveu vários livros na linha policia/suspense dos quais já li quase todos. Nenhum deixou a desejar...
-
Era No Tempo Do Rei
Era no tempo do Rei - Ruy Castro 248 páginas - Editora Alfaguara Brasil Gênero: romance, romance histórico, literatura brasileira Por que leu este livro? Adoro a história do Brasil, sou fã de Ruy Castro e do romance Memórias de um sargento de milícias...
Geral