Televisa manipula eleições no México
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Televisa manipula eleições no México


Por Altamiro Borges

O jornal britânico The Guardian divulgou nesta semana documentos que comprovam que o principal grupo midiático do México, a Televisa, fez campanha para projetar a candidatura do conservador Enrique Peña Nieto, do PRI, e para desgastar Manuel López Obrador, do PRD de centro-esquerda. A reportagem reforça os protestos de rua contra a manipulação da mídia nas vésperas da eleição presidencial.


O jornal obteve vários arquivos de computador junto a ex-funcionários da Televisa. Eles incluem esboços das taxas cobradas pela Televisa para maquiar a imagem de Peña Nieto, quando ele ainda era governador do estado do México. Uma das tabelas revela os detalhes de quase 200 conteúdos televisivos programados pela emissora, com custos calculados em US$ 36 milhões.

Estratégia para detonar o "esquerdista"

Os documentos também explicitam a estratégia do império midiático para ocultar e atacar o candidato “esquerdista”. Uma das ações propõe “desmanchar a percepção pública de que López Obrador é um mártir e salvador”. Até um programa de sátiras, "El Privilégio de Mandar", teria recebido instruções para representar o líder de esquerda como “desajeitado e incompetente”.

O plano de marketing teria sido elaborado pela empresa Radar, que pertence ao vice-presidente da Televisa, Alejandro Quintero. Diante da grave denúncia, o império midiático divulgou comunicado negando a reportagem do jornal britânico. Já o comando de campanha de Peña Nieto se apressou em afirmar que “nunca existiu contrato desse tipo durante seu mandato de governador”.

Protestos contra o golpismo midiático

Mas parece que muitos mexicanos já não acreditam mais nas manipulações da Televisa. Nos últimos dias, mobilizados pelas redes sociais, jovens realizaram vários protestos de rua contra a cobertura eleitoral do império midiático – que controla dois terços da programação dos canais abertos do México. E as últimas pesquisas indicam uma guinada à esquerda nas eleições presidenciais.

A pesquisa mais recente, do jornal Reforma, aponta uma disputa apertada. Lopes Obrador, do Partido da Revolução Democrática (PRD), saltou de 27% para 34% das intenções de voto; Peña Nieto, do PRI, caiu de 42 para 38%; e Josefina Vázques, do governista PAN, despencou para 29 para 23%. As eleições presidenciais, marcadas para 1º de julho, podem resultar numa derrota das forças conservadoras, aliadas incondicionais dos EUA e adeptas do neoliberalismo, e da mídia manipuladora.

Risco de novas fraudes

Mas, como alerta o sociólogo Emir Sader, “a direita fará tudo para impedir que isso aconteça... O processo eleitoral mexicano é especialmente deformado, porque não há segundo turno e o presidente tem mandato de seis anos, mesmo que ganhe com evidências de fraude, como foi o caso de Calderon. A disputa final deve ser acirrada. Se Lopez Obrador não conseguir abrir uma vantagem significativa, pode ser vítima, novamente, da fraude que lhe tirou a presidência há seis anos. O grande fator de mudança a seu favor vem das belas manifestações estudantis, a que se opõem as campanhas de difamação da velha mídia mexicana”.




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