Tempo gira e oposição roda - JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Geral

Tempo gira e oposição roda - JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO


O Estado de S.Paulo - 03/03

Todas as pesquisas de todos os institutos confirmam que dois de três eleitores querem mudanças no governo. Mas as pesquisas mostram que esses mesmos eleitores não sabem a quem recorrer para mudar. É como se olhassem à volta, só vissem Kombis 76 sem capota traseira e se perguntassem: "E se chover?" De repente, viver com a tia Dilma mais uma temporada não parece tão ruim.

Daí a aparente contradição de a presidente seguir na liderança da corrida eleitoral, com mais intenções de voto do que a soma dos seus adversários, apesar de esta ser uma eleição mudancista. Como é possível que um terço daqueles que clamam por mudança declarem voto em Dilma Rousseff? O eleitor é um idiota que não sabe o que quer da vida nem do governo? Não e não.

A decisão do voto é sempre pragmática. O cálculo eleitoral começa pelo que o eleitor pode ganhar votando em um candidato específico. Se ele não reconhece nenhuma vantagem pessoal na eleição de qualquer dos candidatos, o raciocínio muda e passa a ser o que ele tem a perder com a vitória de cada um deles. Nesse caso, quem oferece menor risco tende a ser o vencedor.

Dilma é, hoje, a aposta menos arriscada para mais de 40% do eleitorado. Pelo menos metade desse contingente não está terrivelmente excitado com a perspectiva de ver a presidente dando as ordens por mais quatro anos no Palácio do Planalto. Só cita seu nome depois de compará-lo aos dos demais candidatos ao cargo. Chega a Dilma por eliminação da concorrência.

Isso aparece na comparação dos resultados dos vários cenários eleitorais pesquisados pelo Datafolha. A intenção de voto estimulada em Dilma varia de 40% a 47%, dependendo de quem são os adversários. Sua maior vantagem é quando enfrenta só Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). E a menor é com Marina Silva (PSB) e Joaquim Barbosa (STF) no páreo, além do tucano.

No cenário que inclui os nanicos, Dilma perde 3 pontos (cai de 47% para 44%), mas Aécio e Campos também perdem: 1 ponto e 3 pontos, respectivamente - porque eleitores evangélicos e verdes tendem a preferir candidatos com seu perfil ideológico.

Isso mostra duas coisas: 1) Aécio e Campos não estão conseguindo catalisar o desejo de mudança tão bem quanto Marina e Joaquim; 2) mesmo quando aumenta o número de adversários, Dilma sustenta um eleitorado que a levaria pelo menos ao segundo turno.

Antes de entrar pelos problemas da oposição, convém entender por que Dilma mantém tantos eleitores potenciais. A resposta óbvia é porque metade dos brasileiros aptos a votar dá pelo menos nota 7 ao governo da petista, segundo o Datafolha. E, nessa metade, 77% declaram intenção de votar em Dilma.

A chance de alguém votar na candidata incumbente é proporcional à sua satisfação com o governo. Dilma tem 60% dos votos de quem lhe dá nota 7, 80% de quem lhe dá 8, e 90% dos 9 e 10. Abaixo de 7, porém, sua penetração no eleitorado é mínima: 14%.

Afora torcer para a presidente não sustentar seus 19% de notas 9 e 10, 18% de 8 e 15% de 7, Aécio e Campos têm que calibrar o discurso eleitoral para maximizar suas chances. Quanto mais radicalmente contra o governo ele for, mais apelo aos mudancistas ele terá, mas será também maior o risco de ambos alienarem a metade do eleitorado que têm simpatia por Dilma.

Além de saber o que dizer, os dois nomes da oposição precisam cavar oportunidades para fazer seu discurso chegar aos eleitores - principalmente na pré-campanha. Isso porque, quando o palanque eletrônico começar no rádio e na TV, eles terão contra si uma desvantagem maior do que Geraldo Alckmin e José Serra tiveram em 2006 e em 2010: têm, juntos, menos da metade do tempo de Dilma.

Tudo isso torna imprescindível aos candidatos, a todos eles, entender o que o eleitor quer mudar e como. Sem descobrir isso, vão rodar em falso enquanto o relógio gira rumo a outubro.




- Voto útil - Merval Pereira
O GLOBO - 08/08 Pesquisa a pesquisa, vai sendo reduzida a diferença num cada vez mais provável segundo turno entre a presidente Dilma Rousseff e os dois principais candidatos oposicionistas. Nesta rodada da consulta Ibope Inteligência/TV Globo, a soma...

- Nulos E Brancos - Merval Pereira
O GLOBO - 03/08A presidente Dilma Rousseff tem um caminho bem mais acidentado para conseguir a reeleição do que teve em 2010, especialmente pelo desejo de mudança que as pesquisas eleitorais vêm captando entre cerca de 70% dos eleitores.Mas a oposição...

- Pisos, Tetos E Bolsas - JosÉ Roberto De Toledo
O ESTADÃO - 28/07 Bocejo dos bocejos, a intenção de voto em Dilma Rousseff (PT) não muda desde abril. A falta de movimento e novidade aumenta a frequência de títulos que querem enxergá-los onde não existem. Dilma "cai" e "sobe" em casas decimais...

- Os Antitudo E A Eleição - JosÉ Roberto De Toledo
O Estado de S.Paulo - 28/04 Partidários de Dilma Rousseff agarram-se a uma conta aritmética para brandir otimismo sobre sua reeleição: a soma das intenções de voto dos outros candidatos é uma fração do eleitorado da presidente. Conclusão aparentemente...

- Ibope/estadão: Pesquisa Nacional Ibope Feita Em Parceria Com O Estado Entre Quinta-feira E Domingo Passados Revela Um Cenário Bem Mais Competitivo Da Sucessão Presidencial De 2014
  No cenário com quatro candidatos a presidente, Dilma tem 30% das intenções de voto estimuladas, contra 22% de Marina Silva (sem partido), 13% de Aécio Neves (PSDB) e 5% de Eduardo Campos (PSB). Contra os mesmos adversários, Lula chegaria...



Geral








.