É aquele negócio que a gente registra aqui sempre: para não falar sobre as medidas e obras preventivas que não adotaram, nem fizeram, levando o sistema Cantareira a praticamente secar, os tucanos fogem de qualquer risco de falar de racionamento, como o diabo foge da cruz. Quem fugiu, agora, foi a presidente da Sabesp, Dilma Penna.
Convidada a depor na CPI da Câmara Municipal paulistana, que apura a falta de água em São Paulo, ela simplesmente não apareceu. Sumiu sem dar qualquer satisfação. Agora, ela está intimada a prestar esclarecimentos na sessão da CPI na próxima 4ª feira, às 10h – intimada, vejam bem, porque “convidada”, ela não compareceu, nem forneceu justificativa. Com esta intimação, a presidente da Sabesp deve comparecer à próxima reunião da CPI.
Na noite de ontem a noite, a Sabesp ainda tentava justificar o não comparecimento de Dilma Pena à audiência. A estatal que trata de abastecimento de água no Estado informou que ela não foi por motivos pessoais e porque já havia se colocado à disposição da CPI para uma reunião no dia 22 de outubro. Aliás, ninguém explica o porquê desta data – pós 1º turno e quase às vésperas do 2º turno da eleição deste ano.
Alckmin e os seus fazem de tudo para não falar e para negar falta de águaNem precisa. É sempre assim do lado de lá dos tucanos. Neste pleito em que tenta a reeleição para continuar governador pela 4ª vez, Geraldo Alckmin faz uma campanha eleitoral no mais absoluto silêncio – ele e seu pessoal. Ele e os dele não se acham na obrigação de prestar contas, dar satisfações sobre nada.
Muito menos sobre os apagões em todas as áreas da vida de São Paulo. Muitos menos à opinião pública, aos seus eleitores. Pior, ainda, esclarecimentos sobre essa questão de falta de água, de racionamento. Questionados, invariavelmente negam. Juram todos, dedos cruzados, que não há, não foi implantado este ano neste ano de reeleição de tentativa de reeleição de Alckmin. Medo de perder voto.
Enquanto eles se impõe silêncio, despistes, tergiversações e negativas a realidade da situação da crise hídrica é bem outra. A CPI da Sabesp na Câmara paulistana foi instaurada dia 6 de agosto por iniciativa dos vereadores dos partidos da base do prefeito Fernando Haddad (PT) e visa investigar se a companhia estadual de saneamento cumpre contrato firmado com a Prefeitura.
São Paulo vive sua maior crise de abastecimento de águaE São Paulo segue vivendo sua maior crise de abastecimento hídrico. Os reservatórios registram índices considerados críticos para o abastecimento desde o início do ano – e o governo vai rolando com a barriga, dizendo que haveria água para abastecimento até setembro, depois novembro, depois março… Importante para eles é mentir para a população até o dia da eleição.
Com o sistema Cantareira praticamente seco – e não para de esvaziar – a situação levou, inclusive, ao início (desde maio pp.) do uso do chamado “volume morto”. Mesmo assim, no meio desta semana (ontem), o Cantareira baixou mais, chegou a seu mais baixo índice, a 8,7% de sua capacidade. Há um ano, o manancial que é responsável pelo abastecimento de quase metade da região metropolitana de São Paulo estava com 43% de sua capacidade (sem a utilização do “volume morto”).
E lembrar que no final de 2009, técnicos e especialistas da USP entregaram ao então governador tucano José Serra – agora candidato a senador pelo PSDB – uma série de sugestões de medidas e obras a serem adotadas preventivamente para evitar que a situação chegasse a esse ponto, hein! Nada foi feito. Serra engavetou tudo. E seu sucessor, Geraldo Alckmin, manteve as propostas na gaveta trancada.
O secretário paulista de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, disse nesta quinta-feira, 25, que a primeira cota do volume morto do Sistema Cantareira deve durar até o dia 21 de novembro, se o índice de chuvas na região dos reservatórios permanecer...
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