Do blog de Zé Dirceu:A edição do Jornal Nacional (JN) desta 2ª feira (9), com o objetivo de mais uma vez tentar envolver José Dirceu nas investigações da Operação Lava Jato, ‘requenta’ trecho do depoimento de Alberto Youssef que faz referência ao ex-ministro, porém não diz que o delator foi desmentido pela advogada Beatriz Catta Preta, que representa o empresário Júlio Camargo.
“Quanto à ilusória e absurda conclusão de que o Sr. Júlio Camargo tenha uma relação “muito boa” com o Sr. José Dirceu, apenas porque este teria viajado em avião de sua propriedade, deve ser esclarecido que a aeronave em questão, qualificada como taxi aéreo, era deixada sob a administração da TAM, a qual tem o dever de cuidar da manutenção, hangaragem e afretamento da mesma. Isso significa que, ao haver interessados no afretamento da aeronave, a TAM apenas pergunta ao proprietário se utilizará o avião naquele período ou não. A responsabilidade é inteiramente da TAM, inclusive quanto ao recebimento dos valores pelo afretamento”.
O trecho acima é da advogada de Júlio Camargo, Beatriz Catta Preta, no desmentido – Fato Relevante – que apresentou quando essa história de relação “muito boa” entre seu cliente e Dirceu apareceu pela primeira vez, quase um mês atrás.
JN deu notícia velha, “requentada”A notícia desta 2ª feira é velha, portanto, mas foi tratada como inédita pelo JN. Em 12 de fevereiro, a informação já havia sido publicada pela imprensa e desmentida tanto pelo ex-ministro quanto pela advogada de Camargo.
O Jornal Nacional também afirma que o ex-ministro é investigado pela Justiça do Paraná, porém não informa que José Dirceu não foi sequer citado pela lista do Procurador-Geral da República Rodrigo Janot encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta 2ª feira, a assessoria do ex-ministro encaminhou nota ao Jornal Nacional reafirmando seu repúdio às acusações e ressaltando o desmentido feito pela advogada Beatriz Catta Preta. A Globo, no entanto, não fez qualquer referência ao posicionamento da defensora de Júlio Camargo.
Segue abaixo a íntegra da nota encaminhada pela assessoria do ex-ministro ao JN:
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“Conforme já divulgado em fevereiro, o ex-ministro José Dirceu repudia, com veemência, as declarações do doleiro Alberto Youssef de que teria recebido recursos ilícitos do empresário Júlio Camargo, da Toyo Setal, ou de qualquer outra empresa investigada pela Operação Lava Jato.
O ex-ministro também afirma que nunca representou o PT em negociações com Júlio Camargo ou com qualquer outra construtora. As declarações são mentirosas. O próprio conteúdo da delação premiada confirma que Youssef não apresenta qualquer prova nem sabe explicar qual seria a suposta participação de Dirceu. O ex-ministro também esclarece que, depois que deixou a chefia da Casa Civil, em 2005, sempre viajou em aviões de carreira ou por empresas de táxi aéreo.
Em 12 de fevereiro, a advogada Beatriz Catta Preta, que representa Julio Camargo, também divulgou nota negando as afirmações feitas por Alberto Youssef. “As informações lançadas pelo colaborador Alberto Youssef são temerárias porque são absolutamente inverídicas. Não há a indicação de um elemento de prova, sequer indiciária, acerca dos fatos mentirosos ali narrados. A alusão a um certo ‘pen drive’ não passa de criação do colaborador em questão”, afirma a advogada em um trecho do Fato Relevante divulgado no mês passado.”
Para que o leitor tenha acesso à verdade escondida pelo Jornal Nacional, segue abaixo a íntegra do Fato Relevante divulgado pela advogada Beatriz Catta Preta:
FATO RELEVANTE
A quem possa interessar
Como advogada de JULIO GERIN DE ALMEIDA CAMARGO, tendo sido duramente atingido com possíveis danosos reflexos em seus negócios e sua vida pessoal, pelas matérias jornalísticas veiculadas nesta data, dando conta do conteúdo do Termo de Colaboração nº 11, de Alberto Youssef, no âmbito de Acordo de Colaboração Premiada quanto aos fatos investigados na denominada “Operação Lava Jato”, cujo sigilo fora levantado pelo MM. Juízo da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, tornando-o público, venho externar repúdio ao conteúdo inverídico e afrontoso das declarações do colaborador e prestar, em respeito aos clientes, parceiros de trabalho, amigos, familiares e às pessoas de boa-fé que o conhecem os esclarecimentos seguintes:
1) O Sr. Júlio Gerin de Almeida Camargo é, também, colaborador da justiça no âmbito da mesma operação policial, sendo certo que já declarou tudo o quanto tinha conhecimento acerca dos fatos investigados, inclusive sobre seu funcionário, Sr. Franco Clemente Pinto. As declarações do Sr. Júlio Camargo já são de conhecimento público, e já foram amplamente divulgadas.
2) As afirmações lançadas pelo colaborador Alberto Youssef são temerárias porque absolutamente inverídicas. Não há a indicação de um elemento de prova, sequer indiciária, acerca dos fatos mentirosos ali narrados. A alusão a um certo “pen drive” não passa de criação do colaborador em questão.
3) Já quanto à ilusória e absurda conclusão de que o Sr. Julio Camargo tenha uma relação “muito boa” com o Sr. José Dirceu, apenas porque este teria viajado em avião de sua propriedade, deve ser esclarecido que a aeronave em questão, qualificada como taxi aéreo, era deixada sob a administração da TAM, a qual tem o dever de cuidar da manutenção, hangaragem e afretamento da mesma. Isso significa que, ao haver interessados no afretamento da aeronave, a TAM apenas pergunta ao proprietário se utilizará o avião naquele período ou não. A responsabilidade é inteiramente da TAM, inclusive quanto ao recebimento dos valores pelo afretamento.
4) Tudo o que havia a ser esclarecido e informado às Autoridades sobre os fatos investigados na denominada “Operação Lava Jato” fora feito nos termos de declarações em colaboração, conforme já citado, não havendo nenhuma pendência por parte do Sr. Júlio Gerin de Almeida Camargo, seja pela entrega de documentos, seja por informações adicionais.
São Paulo, 12 de fevereiro de 2015.
Beatriz Catta Preta
Advogada de Júulio Gerin de Almeida Camargo
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