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Um queridinho em Davos
Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:Acabo de ler que o presidente do México, Peña Nieto, foi uma das estrelas de Davos. Quem diz isso é o Financial Times, num texto onde lembra ainda que o governo de Dilma Rousseff foi criticado até pelo economista chefe do Itaú, Ilan Goldfarb.
É claro que esta visão, em breve, vai estar nas conversas de botequim e nos discursos da oposição. "O México foi o emergente que recebeu mais tapinhas nas costas - e o presidente Enrique Peña Nieto reagiu enchendo o peito”, escreveu o jornal.
Os participantes aprovam as reformas que o país tem feito, analisa o mexicano Angel Gurria, secretário geral da OCDE. “No que tange a reformas, um país se sobressai e tem feito uma trabalho excepcional. E digo com orgulho: é o México”, afirmou.
Seria uma grande surpresa, na verdade, se Pena Nieto não fosse uma das atrações de Davos. A rigor, recebeu até poucas medalhas e tapinhas nas costas.
No final de 2013, seu governo conseguiu promover uma derrota histórica em seu país: reformou dois artigos da Constituição, abrindo caminho para a privatização da Pemex, a empresa estatal mexicana do petróleo, uma das maiores do mundo.
Essa mudança representou uma rendição do governo mexicano – mais uma – às pressões de seus vizinhos do Norte. Se nos anos 1990 o país entrou para o Nafta, reforçando sua dependência em relação a economia americana, a privatização da Pemex coloca uma riqueza estratégica como o petróleo na mesma situação.
Os argumentos favoráveis a privatização da Pemex não envolvem a função social da empresa, nem sua capacidade potencial de auxiliar no desenvolvimento do país. Embora sempre se possa apresentar críticas ao desempenho de qualquer empresa - estatal, pública ou privada - a questão envolve a partilha da riqueza de um país. Deve ser resolvida pela sociedade ou por grupos privados?
Este é o ponto.
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