Por Altamiro Borges
Muita gente que saiu às ruas nas marchas golpistas, vestindo a camiseta da CBF, exigindo o "padrão Fifa" para o Brasil e rosnando pelo impeachment da presidenta Dilma, já deve estar com a sensação de que levou um baita chute no traseiro. A prisão de vários mafiosos do futebol – que não contou com a ajuda da Polícia Federal contra os cartolas amigos, nem do carrasco Sérgio Moro, frequentador dos convescotes da CBF, e nem do "jornalismo investigativo" da Rede Globo – complicou de vez o falso discurso ético dos tais "coxinhas". Agora, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, que ganhou os holofotes da mídia ao esbravejar que o Brasil merecia um "chute no traseiro" na preparação da Copa do Mundo e virou herói dos direitistas, também apareceu na lista dos metidos na roubalheira.
Segundo reportagem do jornal "The New York Times", publicada nesta segunda-feira (1), a Justiça dos EUA já teria provas de que o número dois da Fifa estaria envolvido no esquema de corrupção na entidade. Funcionários do governo ianque apontaram o francês Jérôme Valcke como o responsável pela transferência de US$ 10 milhões (cerca de R$ 32 milhões) usados para o pagamento de propinas. Ele seria o "alto funcionário da Fifa" que, segundo o indiciamento, transferiu o montante para contas controladas por Jack Warner, ex-presidente da Concacaf, a confederação de futebol das Américas do Norte e Central. O pagamento teria sido feito em três parcelas, entre janeiro e março de 2008.
A revelação complica ainda mais a vida dos mafiosos do futebol internacional e brasileiro – sete deles já estão presos, inclusive o ex-presidente da CBF, José Maria Marin. Ela também ainda pode respingar nas empresas patrocinadoras dos jogos da Copa e nas "transmissoras televisivas". Jérôme Valcke, o novo personagem do escândalo, tornou-se famoso dos brasileiros nos preparativos da Copa do Mundo do ano passado. Durante vários meses, ele circulou pelos estádios nacionais esbanjando arrogância e autoritarismo. Jornalista com passagens pelos departamentos de esportes de TVs francesas, ele chegou ao topo da Fifa em 2003, assumindo o cargo de diretor de marketing e televisão da entidade.
Em março de 2012, ele ganhou as manchetes da mídia colonizada ao afirmar que o Brasil merecia um "chute no traseiro" para acelerar as obras da Copa. O governo brasileiro reagiu à bravata do cartola e cobrou uma retratação formal da Fifa, que foi feita a meia boca. De imediato, Jérôme Valcker virou o herói das elites decadentes, que padecem do complexo de vira-lata e não vacilam em usar de todas as baixarias para derrubar ou "sangrar" a presidenta Dilma. Agora, muitos "coxinhas" devem ter sentido o impacto do chute nos seus traseiros sujos!
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