Geral
Vertigem grega (14)
Nos termos do acordo feito com a UE há dois dias, o Governo grego vai ter de retomar e completar, sob supervisão da UE e do FMI, o programa de resgate que tentou renegar (incluindo a suspensão de algumas medidas já anunciadas) como condição de receção da fatia remanescente do empréstimo correspondente. É um profundo golpe no programa eleitoral do Syriza, por mais que a propaganda governamental tente dourar a pílula.
Mas o Governo grego pode
aproveitar a oportunidade e o impulso político da UE para realizar as reformas de que o País carece e que continuam em grande parte por realizar: corte nos privilégios da elite política e económica, incluindo os da igreja ortodoxa (cujas salários e pensões são pagos pelo Estado!), reforma e racionalização da administração, criação de uma eficaz máquina fiscal e alargamento da base fiscal, liberalização da economia (ainda há preços tabelados no mercado de bens e serviços).
A realização dessas reformas não trará alívio imediato na austeridade orçamental a que o País está obrigado; mas criará as condições necessárias para um melhor desempenho económico, que só ele permitirá a geração de emprego e a realização sustentada dos excedentes orçamentais de que o País vai precisar para reduzir a dívida e para se manter no euro.
Amanhã veremos se a lista de reformas que Atenas vai transmitir aos demais governos da zona euro corresponde a um propósito de
engagement leal e construtivo com a UE ou se se traduz na manutenção do clima de guerrilha e de confrontação que até agora têm pautado a conduta do Governo Syriza.
AdendaÉ verdadeiramente
patética a tentativa do governo Syriza e seus apoiantes para tresler o acordo com a UE e ver nele "uma batalha ganha" por aquele. Ver esta explicação em português entendível por toda a gente. Parece que outros comentadores leram uma versão diferente, provavelmente em grego...
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Suprema Burla
O governo do Syriza é uma burla política desde o início, ao propor o que sabia ser absolutamente impossível, ou seja, abandonar a disciplina orçamental e permanecer no euro. Mas a suprema burla estava guardada para o final, com a vigarice da convocação...
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Crise Grega (3)
Este argumento de racionalidade política (colhido aqui) valeria para um governo responsável normal. Mas duvido que funcione no caso do aventureirismo irresponsável do Governo Syriza. Com os cofres vazios e já a recorrer a "empréstimos" dos fundos...
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Vertigem Grega (16)
1. A crise grega terminou a sua fase aguda da única forma que poderia terminar se a Grécia queria manter-se no euro, ou seja, com um pedido de prolongamento do resgate em vigor, com as correspondentes obrigações orçamentais (a "primeira lista" hoje...
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Vertigem Grega (13)
1. E pronto, bastaram duas semanas para os próprios cidadãos gregos rebentarem o balão das grandes proclamações do Governo Syriza. Na iminência do colapso do sistema bancário, por causa dos maciços levantamentos de depósitos, o novo Governo grego...
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Vertigem Grega (11)
Tenho recebido mensagens a acusar-me de "falta de respeito pela vontade do povo grego". Mas sem razão. Por minha parte, até gostaria que o Governo Syriza pudesse realizar muitas dos seus compromissos políticos, como a separação da Igreja e do Estado,...
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