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Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião - (1898 ? 1938)
Um menino, nascido no sertão pernambucano, no sítio Passagem das Pedras, em Serra Talhada, se transformou no mais forte símbolo do cangaço. Alto, pele queimada pelo sol sertanejo, praticamente cego do olho direito, cabelos crespos na altura dos ombros e braços fortes, assim Lampião comandava invasões a sítios, fazendas e até cidades. Dinheiro, prataria, animais, jóias e quaisquer objetos de valor eram levados pelo bando, que ficava com o suficiente para manter o grupo por alguns dias e dividiam o restante com as famílias pobres do lugar. Dessa forma, Lampião conquistava a simpatia e o apoio das comunidades e ainda conseguia aliados.
A infância de Virgulino transcorreu normalmente, em nada diferente das outras crianças que com ele convivia. Criado com mais 7 irmãos, Lampião sabia ler e escrever, tocava sanfona, fazia poesias, usava perfume francês, costurava e era habilidoso com o couro. Enfeitar roupas, chapéus e até armas com espelhos, moedas de ouro, estrelas e medalhas foi invenção de Lampião. Armas, cantis e acessórios eram transpassados pelo pescoço. Daí o nome cangaço, que vem de canga, peça de madeira utilizada para prender o boi ao carro.
O início do Cangaço
Lampião não foi o criador do cangaço. Os relatos mais antigos de cangaceiros remontam a meados do século 18, quando José Gomes, conhecido como Cabeleira, aterrorizava os povoados do sertão. Lampião só nasceria quase 130 anos. Após o assassinato do pai, em 1920, ele e mais dois irmãos resolveram entrar para o bando do cangaceiro Sinhô Pereira. Duramente perseguido pela polícia, Pereira decidiu sair do Nordeste e deixou o jovem Virgulino Ferreira, então com 24 anos, no comando do grupo. Era o início do lendário Lampião.Os dezoito anos no cangaço forjaram um homem de personalidade forte e temido entre todos, mas também trouxeram riqueza a Lampião.
Movimentos populares como Canudos, Contestado e tantos outros surgiram com maior foco de resistência e vigor no nordeste, esta região de seca, castigada e sofrida, por onde passava o lendário Lampião. A pobreza, a falta de esperanças e a revolta foram incentivos importantes para que começassem a surgir os cangaceiros.
Maria Bonita
Foi também graças ao cangaço que conheceu seu grande amor: Maria Bonita. Em suas andanças e fugas, foi para o Raso da Catarina, na Bahia, região onde a caatinga é uma das mais secas e inóspitas do Brasil. Chegou ao povoado de Santa Brígida, onde vivia Maria Bonita, a primeira mulher a fazer parte de um grupo de cangaceiros. A novidade abriu espaço para que outras mulheres fossem aceitas no bando e outros casais surgiram, como Corisco e Dadá e Zé Sereno e Sila. Mas nenhum tornou-se tão célebre quanto Lampião e Maria Bonita. Dessa união nasceu Expedita Ferreira, filha única do lendário casal. Logo que nasceu, foi entregue pelo pai a um casal que já tinha onze filhos.
História ou Estória
Conta-se que, certa noite, os cangaceiros nômades pararam para jantar e pernoitar num pequeno sítio. Um dos homens do bando queria comer carne e a dona da casa, uma senhora de mais de 80 anos, tinha preparado um ensopado de galinha. O sujeito saiu e voltou com uma cabra morta nos braços. "Tá aqui. Matei essa cabra. Agora, a senhora pode cozinhar pra mim", disse. A velhinha, chorando, contou que só tinha aquela cabra e que era dela que tirava o leite dos três netos. Sem tirar os olhos do prato, Lampião ordenou um de seu bando: "Pague a cabra da mulher". O outro, contrariado, jogou algumas moedas na mesa: "Isso pra mim é esmola". Ao que Lampião retrucou: "Agora pague a cabra, sujeito". "Mas, Lampião, eu já paguei". "Não. Aquilo, como você disse, era uma esmola. Agora, pague."
As cabeças decepadas são: (de baixo para cima e da direita para esquerda) 1- Lampião;
2- Quinta Feira; 3- Maria Bonita; 4- Luiz Pedro; 5- Mergulhão; 6- Manoel Miguel (Elétrico);
7- Caixa de Fósforo; 8- Enedina; 9- Cajarana; 10 e 11- Moeda e Mangueira (?)
A perseguição e morte
28 de julho de 1938. Chega ao fim a trajetória do mais popular cangaceiro do Brasil. Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, foi morto na Grota do Angico, interior de Sergipe. Por sua inteligência e destreza, Lampião até hoje é considerado o Rei do Cangaço.
Na Grota do Angico, na margem sergipana do Rio São Francisco, após uma longa noite de tocaia, 48 soldados da polícia de Alagoas avançaram contra um bando de 35 cangaceiros. Apanhados de surpresa, os bandidos não tiveram chance. Combateram pouco tempo e, entre os mortos, o mais temido personagem que já cruzou os sertões do Nordeste: Lampião. Foram necessários oito anos de perseguições e confrontos pela caatinga até que Lampião e seu bando fossem mortos. No momento da sua morte, levava consigo 5 quilos de ouro e uma quantia em dinheiro equivalente a 600 mil reais. Estava decretado o fim do cangaço.
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