VOTE NUMA MULHER E MUDE A REALIDADE
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VOTE NUMA MULHER E MUDE A REALIDADE


Mulheres são maioria entre o eleitorado brasileiro, mas apenas 21% dos candidatos a deputado estadual e federal este ano são mulheres. A cota de 30% como um número desejável de mulheres na política foi estabelecida em 1996, e nunca nem chegou perto de ser alcançada. Na maior cidade do país, São Paulo, há 55 vereadores. Quantas mulheres? Cinco. Essa discrepância se repete em todo lugar, e fica maior ainda se analisarmos que, pela primeira vez na história, temos a chance real de eleger uma mulher para presidente.
José Roberto de Toledo escreveu um ótimo texto para o Estadão sobre essa gritante falta de representatividade. Pelos dados que ele levanta, os partidos políticos se comportam como um verdadeiro Clube do Bolinha. É só ver quantas mulheres fazem parte da Executiva Nacional de cada partido:
No DEM, há 57 membros – 4 são mulheres.
No PSDB, há 42 membros – 4 são mulheres.
No PMDB, há 25 membros – 2 são mulheres.
No PT, há 21 membros – 6 são mulheres.
O PT é que o mais se aproxima da cota dos 30%, mas ainda falta. Segundo Toledo, “Fecha-se um circuito viciado: homens preterem mulheres no preenchimento das chapas partidárias, menos mulheres são eleitas, homens mantêm a maioria dos cargos de mando dentro dos partidos. Perpetua-se o machismo.
Se você acha que a situação tá ruim nessa falta de representatividade para deputado estadual e federal, saiba que para os outros cargos é ainda pior: para o Senado, apenas 13% dos candidatos são mulheres. Para governador de Estado, 11%. Esta desigualdade existe em quase todos os lugares do mundo, e todo país que se preza luta contra ela, inclusive o Brasil. Mas ela não parece diminuir por aqui. Na Argentina, primeiro país da América Latina a permitir o casamento de homossexuais, há três vezes mais mulhers no Congresso do que aqui.
Não ter representantes mulheres é um grande problema, e não só pras mulheres, mas pra sociedade como um todo. Toledo cita um relatório das Nações Unidas, que deixa claro que as mulheres na política privilegiam a família e as crianças. Essas mulheres sugerem e aprovam leis mais voltadas ao fórum doméstico, que afeta a todos nós. E têm focos diferentes dos congressistas homens. Como, na pobreza, mulheres e crianças são mais afetadas que homens, se diminuirmos a desigualdade entre os sexos, automaticamente diminuiremos a pobreza. Uma das causas do sucesso do Bolsa Família, por exemplo, é que o benefício é pago diretamente para a mulher, e não para o homem. Mulheres têm maior capacidade de controlar o orçamento.
Mais um bônus de ter mais mulheres na política: estudos “correlacionam o aumento da participação feminina no poder com menores níveis de corrupção”, segundo Toledo.
Portanto, se há tantas vantagens para a sociedade como um todo (ou diminuir a pobreza não é uma vantagem?) em aumentar a participação das mulheres na política, por que isso não acontece? Bom, esta semana Serra deu sua explicação. Ele disse que gostaria de ver mais mulheres na política, mas "mulher não tem disponibilidade de tempo, tem a maternidade, vários fatores que complicam". E completa: "Diferente dos homens, em geral, elas têm três empregos: trabalham fora, cuidam das crianças e às vezes têm que cuidar do marido” (e o marido está liberado pra ter amantes, né, Serra?, desde que seja discreto). Pra fazer bonito na fita, Serra ainda disse: “Mas para a política brasileira, seria muito bom ter mais mulheres parlamentares sem dúvida nenhuma”. Note o detalhe: parlamentares. Mulheres presidentes, jamais!
Tudo na nossa vida é simbólico. Toda a linguagem é simbólica. Quem acha que ter uma presidente mulher não afeta as meninas não sabe o que está dizendo. Se Dilma vencer (Marina não tem chances de verdade), será uma nova geração de garotas que vai crescer sabendo que o cargo máximo da nação não é só pra homens. Muitas que crescem com o sonho de virar top models ou arranjar um marido rico (as opções dadas às mulheres: usar sua beleza ou sua maternidade) podem mudar de sonho. E vislumbrar um cargo que lhes permita mudar a condição de outras mulheres. E homens. E crianças.
Dilma não veio do nada. Ela foi a ministra mais poderosa do governo no segundo mandato de Lula. E tem como padrinho o presidente mais popular da história do Brasil. Mas, infelizmente, ela é um caso isolado. Com sua vitória, pode até acontecer de termos mais representantes femininas em outras áreas da política. Mas a gente precisa contribuir: analise bem tod@s @s candidat@s, principalmente para deputad@ estadual e federal. Veja o histórico de cada, o que ess@ representante aprovou, quais suas linhas de ação. Procure também votar no partido, já que inúmeras vezes, os congressistas votam fechado, de acordo com a determinação de cada partido. Mas analise bem, e veja se, no seu Estado, há opções de candidatas mulheres. Eu ainda não sei em quem votar (sou nova no Ceará) pra deputad@ estadual e federal, mas será numa mulher.




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