Zona de risco - JOSÉ PAULO KUPFER
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Zona de risco - JOSÉ PAULO KUPFER


O Estado de S.Paulo - 28/01

Assim como em outros indicadores econômicos, que registraram resultados piores em 2013, a impressionante deterioração das contas externas no ano passado parece ter influenciado, negativamente, as projeções para 2014. Até mesmo o Banco Central está projetando um desempenho não muito animador nas relações da economia brasileira com o resto do mundo.

O melhor a se esperar, para 2014, supondo a confirmação das previsões do momento, é que as perdas sejam estancadas e os números do setor externo permaneçam em área de desconforto. Nas projeções do Banco Central, por exemplo, o déficit em transações correntes, que bateu em 3,7% do PIB no fechamento de 2013, se mantém na zona de risco, alcançando 3,5% do PIB. O mercado, de acordo com a pesquisa Focus, não vai tão longe, mas ainda assim prevê um déficit externo equivalente a 3,3% do PIB.

É um quadro bem mais estressado do que o existente antes do fechamento de 2012. Embora os sinais de dificuldades começassem a se acumular em 2008, a partir da eclosão da atual grande crise global, até um ano atrás os limites de segurança estavam longe de serem testados. Em 2013, no entanto, mesmo com alguma desvalorização do real, a casa caiu e o setor externo desceu ladeira abaixo em ritmo acelerado.

A balança comercial registrou o menor saldo desde 2000 e ainda assim só foi obtido no último mês do ano, depois de manobras contábeis, que transformaram plataformas de petróleo que nunca saíram de onde estavam em produtos de exportação. O mau desempenho da balança comercial explica o forte avanço do déficit em transações correntes, que aumentou 50% sobre 2012 e foi do equivalente a 2,4% do PIB para 3,7% do PIB num único ano. Os demais componentes das transações correntes - serviços e rendas -, normalmente deficitários, acrescentaram ao déficit, em relação aos valores costumeiros, não mais de 10% cada um.

Com o salto negativo das transações correntes, o volume de Investimento Externo Direto (IED), pela primeira vez desde 2001, não foi suficiente para cobrir a totalidade do déficit. O total de recursos ao País não mudou em relação aos anos anteriores, mas com o aumento da necessidade de cobertura, o IED cobriu 80% do déficit. Dívidas e ativos financeiros completaram os 20% que faltaram, com destaque para as aplicações em renda fixa, que aumentaram cinco vezes no ano.

Além de insuficiente, o IED, em 2013, mostrou uma composição menos favorável, com recuo nos recursos dirigidos a participações no capital - o investimento direto propriamente dito - e um pulo no item "empréstimos intercompanhias", que contabiliza os recursos transferidos de matrizes de empresas no exterior a suas subsidiárias no Brasil. Historicamente, os empréstimos intercompanhias representam cerca de 20% do IED, mas, em 2013, sua participação elevou-se a 35%.

A perspectiva de uma estagnação das transações correntes, em 2014, nos níveis mais preocupantes de 2013, se sustenta em estimativas de uma modesta recuperação da balança comercial. O Banco Central projeta um saldo positivo de US$ 10 bilhões e o mercado aposta em números 20% menores. Mas há quem, mesmo concordando que a taxa de câmbio pode ir a R$ 2,50 por dólar, considera tais projeções muito otimistas. Janeiro, com um déficit na casa dos US$ 5 bilhões, levará água para esse moinho.

Previsões para a balança comercial, em todo caso, devem ser tomadas com o máximo de cautela. Elas estão entre as tradicionalmente mais sujeitas a chuvas e trovoadas. Se, no começo de 2012, os analistas previram o saldo comercial próximo de US$ 20 bilhões efetivamente registrado, erraram feio nos dois anos anteriores. Em 2010 e 2011, por exemplo, para ficar em casos mais recentes, os números reais foram, respectivamente, 80% e 240% maiores do que as previsões do começo do ano.




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