bastante revolucionário na sua época. Sei da fama que ele tem no exterior como “Coffin Joe”. No Brasil, ele costuma ser apenas uma aparição excêntrica, com aquelas unhas enroladas (e é referência entre o maridão e eu, quando não usamos uma tesourinha e as garras crescem: “Tá tentando imitar o Zé do Caixão?”). Bom, tudo isso pra dizer que, por mais que eu respeite a grife Zé do Caixão, não tenho por que gostar de tudo que ele faz. Este trailer de Encarnação é um exemplo. Não sei como será o lançamento nos cinemas brasileiros, mas espero que faça sucesso. Tomara que todos os fãs de Jogos Mortais e Albergue lotem as salas, porque a estréia nacional desta sexta lembra muito essas nojeiras. Mas não é o meu tipo de filme. Terror é uma coisa. Terror feito unicamente pra chocar, não pra assustar, é outra. Só o trailer já tem de mais do que pod
e ser chamado de torture porn. Tem cenas asquerosas de ratos, sangue, mutilações e esse hobby bem doentio apelidado de suspensão (sorry, fãs do gênero. Viva e deixe viver, eu sei. Mas se não admiro meninas anoréxicas que se cortam, não vou ter apreço por rapazes que se furam, colocam cabos e se suspendem no ar. Continuem existindo, se vocês gostam, só não me convidem pra aplaudir. E chamar auto-mutilação de arte soa meio forçação de barra). Meu leitor Claudemir avisou que no filme há também uma cena (apenas sugerida pelo trailer) em que uma mulher é coberta por 3,000 baratas numa banheira. Agora, sinceramente, por que eu, que me enojei com a
baratinha solitária de Wall-E, iria querer ver tal atrocidade? Alguns filmes são marcantes. Outros são apenas traumatizantes. E se eu quiser colecionar traumas e pesadelos pro resto da vida, posso simplesmente ouvir a Dança do Créu ou afins cinco vezes por dia. Pensa só: se mulheres têm pavor de barata, colocar uma moça numa banheira junto com 3,000 rastejantes não fica até misógino? Inclusive porque não é a mulherada o público-alvo de Encarnação do Demônio. Os guris que assistirem ao filme vão achar a cena blergh, mas não vão se identificar com ela. Não vão pensar: “podia ser eu com 3,000 baratas”. Vão é fantasiar: “ha ha, queria ver a Lolinha nessa cena”. E fantasiar cenários hostis a mulheres é misoginia, certo? Mesmo que essas baratas do trailer sejam mais esverdeadas e menos horríveis que as que habit
am a minha casa e os meus pesadelos, ainda assim são baratas. Mas por que preciso falar desses bichos? Se houvesse um documentário sobre baratas, eu não iria vê-lo. Aquele episódio de Creepshow, nos anos 80, já foi suficiente pra atormentar a minha mente durante duas décadas (clique aqui apenas se for homem). Aí veio Joe e as Baratas e eu pulei, claro. Não entendo bem o prazer de inundar nossa cabeça com coisas que nos fazem mal. E filmes como Jogos Mortais e Encarnação parecem servir a esse propósito, e a mais nada. Nota 2.