Protesto de trabalhador não é manchete
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Protesto de trabalhador não é manchete


Marcelo Camargo/ABr
Por Altamiro Borges

O Dia Nacional de Mobilizações e Paralisações, liderado pelas centrais sindicais nesta sexta-feira (30), não recebeu a devida cobertura da mídia patronal – como já era de se esperar. Ocorreram greves, atos públicos e passeatas na maioria dos estados brasileiros, mas a mobilização dos trabalhadores não foi manchete dos jornalões e gozou de poucos segundos de exibição nas emissoras de televisão. Bem diferente da cobertura que a mídia deu aos protestos de junho, quando ela percebeu que poderia pegar uma carona no movimento difuso para pautá-los. Na ocasião, a TV Globo chegou a derrubar a sua grade de programação, cortando inclusive a sagrada novela, para tentar manipular os manifestantes.

O protesto desta sexta-feira teve uma pauta bem definida. Ele exigiu, entre outras medidas, o fim do fator previdenciário, que penaliza aposentados e pensionistas; a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução dos salários; o arquivamento do projeto de lei do deputado-bolacha Sandro Mabel, que amplia as terceirizações e a precarização do trabalho. Estas bandeiras, lógico, não são do agrado da imprensa do capital – que também explora seus trabalhadores. Na maioria das manifestações, as lideranças sindicais também exigiram a democratização dos meios de comunicação – outro tema que incomoda os latifundiários da mídia.

Relatos parciais indicam que o Dia Nacional de Lutas teve razoável adesão. Metalúrgicos, professores, bancários, trabalhadores em transportes e servidores públicos estiveram na linha de frente dos protestos. Também ocorreram bloqueios de rodovias em vários estados. Em São Paulo, cerca de 2 mil manifestantes, segundo a Polícia Militar, ocuparam as duas pistas da Avenida Paulista. No Rio de Janeiro houve passeata no centro da capital. Já em Fortaleza, todos os sete terminais de ônibus da cidade foram interditados pelas centrais sindicais. Em Salvador, os condutores de ônibus paralisaram por algumas horas suas atividades. Em Vitória, a principal via de acesso à capital capixaba foi interditada. Em Macapá, os mototaxistas bloquearam as ruas centrais da capital do Amapá.

Em São Luís, os rodoviários também cruzaram os braços. Em Belo Horizonte, as estações de ônibus foram bloqueadas. Já em Juiz de Fora, no interior de Minas Gerais, houve protestos dos professores. O mesmo ocorreu em Curitiba, com a paralisação de várias escolas públicas. Em Teresina, os docentes da rede estadual e municipal aderiram ao protesto nacional. Em Porto Alegre, apenas 20% dos ônibus circularam pela manhã. Numa reportagem sem maior realce, o próprio jornal O Globo reconheceu que “as centrais sindicais realizaram protestos que interromperam diversos serviços pelo país, como o transporte e a rede pública de ensino”. Como de costume, porém, o jornalão tentou criminalizar o movimento, insistindo em afirmar que as manifestações “atrapalharam o trânsito”.

Para os líderes das centrais sindicais, o Dia Nacional de Lutas cumpriu o objetivo de pressionar o governo Dilma e o Congresso Nacional. A pauta de reivindicações do sindicalismo foi encaminhada aos poderes públicos em março passado e até agora não houve qualquer resposta positiva. A única vitória parcial foi a retirada da pauta de votação do projeto de lei do deputado bolacha. Segundo Vagner Freitas, presidente da CUT, há muita lentidão para atender as demandas dos trabalhadores. “Negociação com o governo nós até temos. O que não temos é o atendimento das reivindicações”, criticou. No mesmo rumo, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, afirmou que os protestos visam pressionar o governo a “deixar de enrolar os trabalhadores”. Para Adilson Araújo, novo presidente da CTB, “o sindicalismo deve se manter unido e precisa intensificar ainda mais a pressão sobre os poderes públicos”.

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