Por que alegria de pobre dura tão pouco? Ontem fiquei com um sorriso de orelha a orelha, porque finalmente uma empresa de marketing me contatou. Calma, Bete, calma (gostei, Marla!), deixa eu explicar. Descobri, em novembro, muito por acaso, que os press screenings (exibições de filmes pros jornalistas) aqui em Detroit acontecem logo nos cinemas que eu mais frequento, em Birmingham, subúrbio de Detroit. Apesar da distância, é relativamente fácil chegar de ônibus a essas salas. Assim que descobri, tentei falar com gerentes, mandei emails, e nada. Como é duro falar com alguém em carne e osso por aqui! Só tem máquina atendendo telefone. Mais de um mês depois, uma boa alma decidiu responder uma das minhas mensagens, e me passou um outro número. Liguei várias vezes. Só no fim de janeiro consegui me comunicar com um humano. Expliquei a situação – que sou uma crítica de cinema do Brasil, temporariamente nos EUA, e que gostaria de ser convidada aos screenings. A mulher me enviou um email pedindo montes de dados, como circulação do jornal (mais ou menos 30 mil por dia do A Notícia), endereços, editoria, etc etc. Esta semana ela me disse que meu nome havia sido aprovado e iria ser incluído no Detroit Press List. Ueba! Tá, o que eu pensava? Pensava que as exibições seriam pela manhã, com sorte aos sábados, sempre em Birmingham, e que eu conseguiria levar o maridão sem que ninguém notasse. Não é bem assim. Logo em seguida chegou um outro email com a lista dos filmes que vão estrear aqui durante o mês. Eu tenho que comunicar quais desses filmes desejo ver. Enfim, há outras salas de cinema envolvidas (mais distantes; já fomos, e o transporte público até lá não é bom), geralmente as exibições são à noite, em dias de semana, e não sei se terei sucesso em entrar com o maridão escondido embaixo do meu casacão. E tem mais: quase sempre que vamos ao cinema, aproveitamos pra pegar dois filmes. Com os screenings vai ser bem a conta-gotas mesmo. Será que vale a pena?
Tem uma parte promissora, ainda a ser conferida: eu serei informada das entrevistas à imprensa que acontecerem por aqui. Desconheço se as campanhas de divulgação dos astros chegam a Detroit. Sei que o diretor e a roteirista de Juno deram coletivas aqui em dezembro, porque foi um carnaval, dessas coisas que seriam humilhantes pros críticos, se eles tivessem simancol. Por exemplo, um crítico babou em cima dos dois, não parou de falar que Juno era o filme mais lindo e maravilhoso e importante do século, que seria lembrado por gerações e gerações... Até o Jason Reitman e a Diablo Cody acharam que o carinha tava exagerando. Imagino que esse tipo de deslumbramento desenfreado deve acontecer o tempo todo, não só aqui em Detroit. Só fico pensando quem me faria perder o controle, pedir autógrafo, pular no cangote... Alguma sugestão?