"ANSIOSA EM SER PROFESSORA SÓ PARA HOMENS"
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"ANSIOSA EM SER PROFESSORA SÓ PARA HOMENS"


A F. me enviou esta dúvida:

Pra começo de conversa preciso dizer o quanto admiro vc e suas opiniões. Você não faz ideia do quanto é importante no meu dia-a-dia.
Minha história atual é a seguinte: sou engenheira e tenho 30 anos; depois de um histórico trabalhando em indústrias aqui da minha região decidi que isso não era o que eu queria (a indústria pelo menos pra mim serviu como um grande laboratório, onde vi e aprendi muita coisa, mas também vivenciei abusos morais, comportamentos machistas, além de ser sempre questionada, menosprezada e diminuída, não pelas minhas qualidades mas por ser mulher). 
Enfim, tracei um novo rumo pra minha vida. Fui correr atrás de outra oportunidade e acabei com uma bolsa do CNPq durante dois anos, daí me realizei como pessoa, fiz um ótimo trabalho, fui reconhecida e ajudei pessoas. Durante esse tempo iniciei meu mestrado (que estou para concluir).
O fato é que durante esse tempo prestei concursos públicos e fui chamada para ser docente em uma escola (técnica) da região. Serei docente do curso de mecânica, a primeira mulher que a escola já teve, a segunda a prestar concurso pra vaga. E estou aguardando outro resultado de uma outra escola pra mesma vaga e mesmo nível.
Estou bem feliz, ganho menos, mas faço o que gosto. Meus pais e minha família se orgulham de mim. EU me orgulho de mim, mas uma coisa me dá medo: a área mecânica dessas escolas profissionais é um reduto masculino, na maioria das vezes machista. Sei disso porque já estive nesses colégios como aluna, e passei por cada uma que se um dia eu for te contar você não acreditaria.
Embora feliz, fico ansiosa e com certo receio. O que eu faço? Como que você se sentiu diante da sua primeira turma? Lembre-se: eu sou a única mulher da equipe, na sala provavelmente serei a única também (a maioria dos alunos é homem). Algum conselho? Não falei com ninguém sobre isso, pois acho que não me levariam a sério.

Minha resposta: Ish, nem lembro da primeira aula que dei! Não lembro mesmo! Sinal de que não deve ter sido muito traumática...
Bom, querida, eu não sou da sua área, que ainda é majoritariamente masculina, mas está mudando, como você bem sabe. Eu já recebi e publiquei diversos relatos de mulheres que sofreram por serem vistas como "invasoras" de um espaço masculino. Mas certamente é diferente você ser aluna e professora num ambiente desses. Vá sem medo!
Na escola de inglês em Joinville onde fui professora e coordenadora acadêmica durante vários anos, antes de fazer mestrado, tive uma turma só com cinco alunos adolescentes, todos meninos de 14 e 15 anos, pelo que me lembro. E foi a pior turma adolescente que peguei! Eles eram mimados, reacinhas, e não pareciam ter qualquer interesse por nada. Eram daquele tipo que você perguntava: qual sua atividade favorita? E eles respondiam: dormir. Foi difícil ter um bom relacionamento com eles, e olha que eu sempre me dei bem com adolescentes.
Em compensação, recentemente (uns três anos atrás), já na faculdade, calhou de eu ficar com uma turma só de rapazes. Era Inglês Técnico, que recebe alunos de várias áreas. Acaba sempre tendo muito estudante das engenharias. Como a gente fazia uma prova de suficiência e liberava da disciplina aqueles que tiravam acima de 7 e que já tivessem 360 horas de curso de inglês (agora vamos liberar os que alcançarem uma certa nota no Toefl), sem querer sobraram apenas uns vinte e poucos homens. 
E quer saber? Deve ter sido a melhor das turmas de Inglês Técnico que já tive! Eles eram muito divertidos. A gente ria pacas nas aulas, e eles eram bons alunos, se esforçavam, faziam o que eu pedia... Óbvio que isso não aconteceu porque era uma turma só de meninos, mas porque eles eram os meninos certos. Todos se davam bem, dialogavam, tentavam deixar os preconceitos de lado. 
Lembro de um debate que tivemos na aula sobre cotas raciais (a maior parte era contra), e mesmo assim ninguém se exaltou. 
Também já tive turmas só de mulheres (não na faculdade, ainda não), e umas foram ótimas, outras menos. Depende muito. Às vezes ter dois ou três estudantes participativxs numa turma já faz toda a diferença, porque elxs contagiam os outros. 
Parabéns por ter encontrado o seu caminho, e não se preocupe. Minha dica, se é que tenho alguma, é que você tente o máximo possível esquecer que você é mulher e que eles são homens. Faça com que o gênero interfira o mínimo possível. Tenho certeza que você vai se sair muito bem!




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